domingo, 22 de dezembro de 2019

SUSTENTO DA ALMA - INCLINADOS



INCLINADOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Como desinclinar a humanidade?
Humanidade encurralada em países, quando estes não são países, mas mais parecidos com currais cheios de orgulho...! Falso orgulho, injectado logo antes da nascença de cada criatura.
O capitalismo (só?) é feito de desigualdades.
É um câncer social e antropológico.
Há desempregados, super empregados e pequenos empregados que vivem à mercê do capitão-mor.
Tanta diferença! Para quê?
Para uma monumental maioria ser servida.
Para exercitar o capricho da fétida corrupção dos servidos. 
Os alimentos, dos da boca ao do lazer passando pelos do sexo, que sejam em equidade.

Que seja olhado, visto, observado, em atento, o que vai para além e aquém de cada curral.
Defender um curral é trair a humanidade duas vezes.
A guerra existe e continua no modo do subalterno, para sustentar soberanos e poderosos, em nome da pobreza dos curraleses. 

Guerreie-se, sem tréguas e sem logros, por igualdade. 
Pois...
A distância é como a morte, um dia alcança-se... e que seja feita a questão: " foi tu quem chegou, ou fui eu que cheguei em tu?"

Edição: Paulo Passos 




domingo, 15 de dezembro de 2019

BOLINHO COM CALDA DE MARACUJÁ


Ingredientes para a massa:

- 3 xícaras de farinha de trigo com fermento.
- 2 xícaras de açúcar.
- 2 colheres de chá de manteiga
- 3 ovos inteiros.
- 1 colher de chá de suco de limão ou raspa.

Modo de preparação da massa:

Num recipiente adicione o açúcar, a manteiga e os ovos.
Mexa com auxílio de uma colher ou na batedeira.
Misture bem.
Adicione aos poucos o leite e a farinha de trigo, 
juntamente com o suco ou a raspa do limão.


Ingredientes para a calda:

- 1 1/2 de açúcar.
- 2 xícara de água.
- 2 maracujás.

Modo de preparação da calda:

Numa panela adicione todos igredientes.
Misture-os.
Leve ao lume.
Quando começar a ferver mexa,
até ganhar consistência de mel.

Unte a forma com a calda.
Adicione a massa
Leve ao forno pré aquecido a 180ª graus por, mais ou menos, 40 minutos.


Edição: Janiel Martins

domingo, 8 de dezembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - ENSAIO DE LÍNGUA


ENSAIO DE LÍNGUA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Não acredito nas palavras
Acredito no sentimento
Às vezes eu não sei identificar
Mas eu fico envergonhado
É bom sentir essa vergonha (boa)
Às vezes fazemos asneira
Não confunda linguagem com som
A língua é ensaiada
O sentimento veio antes de nós
Nem sequer se pensou em pensar
O nosso pensamento viveu
Para dar o pensamento linguado



Edição: Paulo Passos




domingo, 1 de dezembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - PÃO E`JACULAÇÃO


PÃO E`JACULAÇÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Pão é o alimento do corpo
ejacular é o empurrão da vida
fertilizai a terra com sabedoria
ejacular é a desintoxicação.

Com a mente no chão
e com a sabedoria
que ela mesma nos transforma
fertilize os pés.

O leite é sagrado
a língua contém veneno.

Um bom homem
não faz nada
vive o seu ciclo
a consciência é sua.

Não se coloca para dentro
retire a ignorância.

Goze na terra
goze o ar
goze o céu
goze infinitamente a vida.

A vida não volta
mas traga-a para os seus pés.

Este é o mais longo caminho
que só tem um sentido
o prazer
goze agora.

O palácio é povo
escravo somos todos.

Não construímos um rei
todos somos escravo do universo
o fruto tem que vir limpo
e viver livre.

 Rei é rei
por todos nós silenciadores
por todo o manso silêncio.

O conflito é criado
o choro é uma ação
que vem da tristeza
silenciada e afogada.



Edição: Paulo Passos

domingo, 24 de novembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - TRABALHO E SUAS DISTÂNCIAS



TRABALHO E SUAS DISTÂNCIAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Minhoquinha, teu trabalho é longe de casa?
Depende.
Quando vou com o quarto e o resto da casa nas costas... É uma hora.
Quando vou com o quarto... São quarenta e cinco minutos.
Com a cama... São trinta minutos.
Com as cobertas... Vinte e cinco minutos.
Comigo sem sono... São quinze minutos, certinhos.


Edição: Paulo Passos 

domingo, 10 de novembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - AO TEMPO


AO TEMPO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Quando chegar
O meu tempo
Estarei vivendo
Não o de hoje.

Tu vais foder-me... tempo!
Eu estarei no tempo... sempre!

Já imaginaste
Se as folhas
Do Outono
Começassem a chorar
Pelo inverno
Que está vindo?

Porque corremos
Atrás de diamante
E pedras brilhantes?
Temos as mais lindas
e, se as arrancarmos
deixaremos de ver as cores do tempo.

Olha para o chão
E vê que tens
As mais lindas pedras
Nos teus olhos.

Acredito que os olhos
Se tornarão um dia pedras,
E verão o tempo por mim.

Eu ficarei no tempo.
Na forma do tempo.
O tempo é perfeito
E lapidador das cores.

 Terá a minha cor... a cor do tempo.



Edição: Paulo Passos

domingo, 3 de novembro de 2019

BOLO QUEBRA-QUEIXO


Ingredientes (bolo):

- 2 xícaras de farinha de trigo (com fermento)
- 2 xícaras de açúcar
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 3 ovos inteiros.
- 1 xícara de leite de coco.
- 1 colher de chá de suco de limão ou raspa.

Modo de preparação (bolo):

Num recipiente adicione o açúcar, os ovos e a manteiga derretida e misture.
Em seguida junte o leite de coco e a farinha, aos poucos, juntamente com
 o suco de limão, até ficar uma massa lisa e uniforme.


Ingredientes (calda):

- 1 xícara e meia de açúcar
- 2 xícaras de leite de coco.

Modo de preparação (calda):

Numa panela leve ao lume o açúcar e espere que derreta, 
adquirindo a tonalidade de caramelo.
Adicione o leite de coco e vá mechendo até ficar em ponto de mel.

Verta a calda numa forma e espalhe-a por toda a superfície.
Adicione a massa.
Leve ao forno, pré aquecido a 180º, por cerca de 40 minutos.


Desenforme e delicie-se... só ou em companhias de eleição...!

Edição: Janiel Martins

CAFÉ COM LETRAS - AÇUCAR E SAL


AÇÚCAR E SAL
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Aos deuses entregamos a vida
Com os nossos demónios matamos uns
Matamos outros
Matamo-nos uns aos outros

Como guerrear
Nessa guerra?

Ir... é um caminho
Que todos têm a coragem de seguir
Voltar... é o caminho
Que poucos conseguirão

Deuses e demónios
Incorporam-me
Incorporam-nos

Estamos na constante guerra
De se entregar aos deuses
De entregar aos deuses

O que irão fazer os deuses
Com a nossa miséria?
Tornam-se demónios.

Edição: Paulo Passos



domingo, 27 de outubro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - DOIS... EM POESIA


SONETO PARA FLORBELA
A Florbela Espanca (In Memoriam)
(Edilon Moreira, BA/BRASIL)

Quisera fosse este presente a uma Flor...
Das criaturas é a mais delicada e bela!
Na vida, na alegria, na tristeza e na dor
A sua presença é marcante e singela!

Nascida como Florbela, de uma outra Flor...
Vertente em Sonetos, duma curta Primavera
Que não se espanca, nem com pena de cor
E louva-se nos versos, por onde se reverbera...

Quisera merecer um soneto e não compor...
E gritá-lo ao ardor por fora da estratosfera
Para ser percebido e causar-te, um fervor!

E repousar, se achegar aonde o amor espera...
E achar teu doce odor, onde jaz a miúda Flor
Aterrada em luso solo, tranquila... Mais etérea!



INSOLÚVEL
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Aceita uma água
Não
Um azeite
Sim

O incerto
Não aceita
O certo

É tão
Duvidoso
Que aceita
O inseticida



 
Edição: Paulo Passos


domingo, 20 de outubro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - O VENTO LEVOU


O VENTO LEVOU
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Parece que vai chover.
Espero que não, homem! Hoje é o aniversário da menina da Dalva.
Que dia é mesmo, Tornica?
É dia 32.
Dia 32, dona Tornica?
Sim homem, é hoje.
O tempo está é bonito!
Tu vais é gostar de sair de casa com guarda-chuva que Marluce te deu! 
Tu gostas é de coisa para acumular, mulher! 
Nada José, vem até uma chuvinha do lado de baixo. Espia só!
É verdade, que milagre é esse chovendo nesta altura do ano? 
Vai lá coisa ruim, mostrar o teu guarda-chuva, que chuva aqui no Sertão é difícil!
Que ventania é essa, meu Deus? 
Ai meu Deus o vento está levando Tornica. Se segura mulher!
Socorro, me espendurei no gancho do guarda-chuva. 
Eu estou indo pelos ares. 
Estou com medo. 
Socorro... estou cada vez mais alto.
E agora meu Deus, o que que faço para ajudar a minha mulher, a minha Tornica?

Foi um alvoroço mendonho no Vale da Pipa. Não tinha como controlar o vento e a danada da dona Tornica é tão magra, que a ventania passou, e a danada não descia de jeito nenhum, e o povo sem saber o que fazer, para acudir.

A pobre nunca comeu uma fruta; não tem um dente na boca; o osso dela é igual a papel...
Credo, essa criatura não tem carne naquele corpo, tem só pele e vento dentro dela.
O prefeito parece um boi, de tanto comer. 
A vaca dele gastando dinheiro para fechar o estômago.
Onde estão os bombeiros, que não chegam!
Bombeiros só na capital, meu filho. Daqui para amanhã eles chegam.
Ela não pode passar a noite ao relento, no escuro!
Chegaram os bombeiros. Chegaram os bombeiros. 
Até que enfim.
Vocês vão fazer o quê, para descer a minha mulher?
Infelizmente não podemos fazer nada que a escada que temos é de 70 metros, e a mulher está mais ou menos ha uns 300 metros do chão.
E qual vai ser a solução, meu Deus?
Infelizmente não temos, Sr José.
A culpa é dos políticos que privatizam tudo e nós pagamos para viver e dar luxo à esses mangotes de chico-espertos.
É verdade! 
Nós somos escravos dos ricos e ainda ensinam aos nossos filhos que ser rico é para poucos, vocês roubam dos mansos e vivem nos escravizando.
É verdade!
A escravidão não acabou, os espertos mudaram a forma de nos escravizar.
O político tem auxílio de tudo, até de roupa.
O manso, que é o pobre, sai do Sertão se tiver o dinheiro da passagem. 
Vai para a cidade grande passar fome, sede, dorme no canto de parede e, quando trabalha, é para pagar o aluguer e comer. Não sobra nada. Nem para roupa e muito menos para ir ao dentista. 
Pior, tem ainda tem ser gente que ri da desgraça do desdentado. 
E político tem de tudo e mais um pouco.
A pele chega a brilhar de bem tratada. 
Até parece um boi bem tratado, gordo e pronto para o abate.
E a coitada dessa mulher aí, o vento levou.
Não existe rico. 
Existem corruptos e doentes do caráter, assim como existem pessoas mansas, que o permitem.
Se o político tira férias é porque o trabalhador não tira e deixa.
Porque o rico explora e rouba o manso, e este aceita tudo de boca costurada.

Já é boquinha da noite, no Vale da Pipa, e a mulher não desce...!

Vamos fazer assim: já que a polícia está aqui, vamos pedir que eles atirem no guarda chuva e aí nós pegamos numas cobertas e seguramos a danada. 
O que você acha, José?
Eu não tenho o que achar! Já que não tem outra solução, temos que arriscar.
Sr. polícia tem como algum de vocês atirar no guarda-chuva, para ver ser a mulher desce?
Tem sim. Deixa-me chamar o cabra que atira numa laranja no ar.
Depois de cinco tiros a pobre da dona Tornica começou a descer, a pairar e... olhem só, nem precisou dos homens a amparar. 
A infeliz era magra de verdade... igual a fome.


Edição: Paulo Passos