sexta-feira, 15 de abril de 2016

CAFÉ COM LETRAS - UMA SANDWICH COM LIMONADA E COMPANHIA, EM FÃO


Final de tarde de uma 6ª feira, como frequentemente acontece, quando estou em Portugal.

Fão.
Fão é uma Freguesia do litoral, do Concelho de Esposende, Distrito de Braga, Região Norte de Portugal.

Verdade é que, já se entranhou na matéria da alma, começando a despertar nas quintas-feiras, que a partir do final de tarde das sextas-feiras, vive-se em Fão.

Fão! ... É a localidade de residência de um casal de amigos - o Paulo e a Vânia, dois psicólogos com quem me debito em activa escuta, na apreciação da sua excelente forma de equacionar e explanar, verbalmente, o que, quase invariavelmente, coincide com os meus posicionamentos relativos a esferas de direitos, 
de maturidades e de reivindicações sociais.

É! ... impera a liberdade, a justiça do direito e a igualdade, dentro de uma harmonia repleta de sanidade relacional, neste espaço, de nome "lar", onde também se enraízam e crescem, os pequenos Afonso e Tomás. Filhotes impregnados de cultura de igualdade, que nada mais têm a fazer do que cumprir a pujante determinação de coerência e natural coragem, implementada nos genes do macho e da fêmea que os geraram. 
Tanto em beleza como em nobreza dos carácteres!

Não poderiam ter outro feitio!
Garantido está o percurso de honesto e merecido sucesso destes pequenos, 
pela categórica conjugação dos feitios e dos feitios de corpos dos progenitores.



Territórios de proximidade que culminam, sem esforço, na apreciação e sentimento integrativo de pertença, sem os patéticos compromissos registados em cartórios! 
É o dom nobre da palavra do sentir que injecta o afecto na via da proximidade.

Fica-se impregnado de amizade. Fica-se pertencente. Fica-se amigo, sem planificação prévia!

É este o reportório de sentimento que se plantou e gerou o inabalável, pela via da relação pura e prática. Viveu-se e viveu-se em comunhão de respeito, de diferença, de pluralidade. 
Viveu-se, vive-se e sempre se viverá. 

Irreversível!

Direccionando ... !!! ... os finais de tarde das sextas-feiras, coabitam já em vidas partilhadas e num conceituado registo de família de escolha!

É o desígnio da eleição!

Circula-se por Fão, com a familiaridade do nativo.


Pára-se e está-se, petiscando, no café/restaurante da Dona Ana - O Cepa - sempre com a simpática e incansável disponibilidade do amigo João! Estimado João!
Conversa-se e partilha-se com outros companheiros de vizinhas mesas, o agradável sabor da exposição transformada em diálogo. Fala-se de ideologias, de conceitos de comida, de banalidades, de banda desenhada / histórias de quadrinhos, 
de pesca (bem haja, mon cher ami pêcheur - Mr Cooper), 
de banalidades e de nada!... 
Nunca ou raramente de pessoas!


Vai-se até ao restaurante/café - Cláudia Maria - conversa-se com os presentes, alinha-se no petisco disponível do Carlos, esticam-se as pernas debaixo do alpendre, aprecia-se o dourado de um fino (chopinho) e ... está-se! 


No café/restaurante - 28 - 
Areja-se e degusta-se o que é sugerido pela entusiasta e proprietária Dona Irene! 
Aqui, o Benfica (clube desportivo português) é Rei e Senhor, numa graça que apenas a acolhedora Dona Irene consegue transmitir. Sendo, contudo, uma graça interiormente vivida com a convicção e o respeito de uma adepta de raiz! Incondicional!

Entra-se no Chalé - Tapas Bar, do Diniz, o amigo Diniz, que nos brinda e presenteia com os seus melhores experimentos e  emblemáticos cozinhados.
Acolhe a saliência espreitante para a dotação cultural. 
Este preceito vem adicionado ao seu cariz comunicador, na companhia do genuíno sorriso, perfumado com uns salpicos de sensualidade (reconheça-se!) e com  a descontracção primada pela elegância, 
facilitadora da satisfação e de bem-estar. 
É sempre um gosto estar no Diniz e com quem com ele compartilha as motivações. 
Saliente-se, por isso, a digna cobertura social intrincada na disposição do Luís, 
o bom e confiante Luís!

É, literalmente, um início de fim de semana com intuitos gastronómicos.
O roteiro é sereno, saboroso, cordial, com ritmo ajustado e na companhia
dos habituais e insubstituíveis comensais e ... de outros parceiros de conversas.

Mas, ... , resistir! Fica difícil! Sem retorno!

Passeia-se pela praia, olha-se para se ver o que existe, incansavelmente, entre o mar o pinhal e o rio, na perfeita incorporação de terras e de águas.

Partilha, serenidade e descontracção ... em Fão!


Ao som da quente e estimulante presença vocal de Caetano Veloso, cozinha-se, na companhia de um copo de vinho, preferencialmente da Região do Douro, ou, para não gerar conflitos regionais portugueses, de um copo de vinho Verde, próprio da Região Minhota ...!

A verdadeira companhia está, contudo, no relacionamento inabalável e aconchegante de ternura e pertença, que apenas a sinceridade pode criar. 
Não se duvida, nestes espaços relacionais e de existência, do jorrante e natural afecto, despido de quaisquer fedores de logrosas e interesseiras subjacências!

Cozinhou-se e jantou-se, sempre com a quentura do sotaque brasileiro em presença musical, cantando ou murmurando baixinho, num sussurro complementador 
de beleza e de conforto presencial.

Entre conversa ... cozinhou-se, na segurança do aconchego, em casa do Paulo e da Vânia, 
em Fão!

Ingredientes (sandwich):

- 1 fatia de fiambre com 0,5 cm de espessura
- 2 fatias de pão
- 1 ovo cozido
- 1/2 pimento
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- Mostarda q.b.
- Azeite
- Sal q.b.
- Malagueta (a gosto)
- Alface


Modo de preparação:

Num tacho com azeite, pique a cebola, os dentes de alho, a metade do pimento, a malagueta, o sal e a mostarda.
Envolva carinhosamente, e deixe cozinhar, com a sua presença, até que a cebola fique, suavemente refogada.
Corte os ovos às rodelas, previamente cozidos.

Construa a sua sandwich, começando por barrar uma fatia de pão, com uma generosa dose do que cozinhou. Coloque a fatia de fiambre, a alface, rodelas de ovo e, finalize cobrindo com a outra fatia de pão (esta foi feita com um excelente pão Transmontano - Região Nordeste de Portugal).


Ingredientes (limonada):

- Sumo de limão (a gosto)
- Folhas de hortelã (a gosto)
- Mel (a gosto)

Certo e justo é que, a maneira de cada um de preparar a limonada ... é a melhor! Sem dicas, para além de se silenciar e manter a boca cheia e um constante sorriso no rosto ... pelo tempo que entender!


Noite prolongada, sem que o tempo tivesse passado!

... na serenidade das conversas, no aconchego do sussurro musical, na presença de quem se pertence, nos locais que aderimos sem os termos escolhido. Locais de acolhimento natural. 
Acolhidos, recebidos e, natural e genuinamente, integrados. 
São esses os locais de cada um de nós!
São as pertenças e as referências de cada um de nós! Essas ... que se tatuam na alma!
Dedicada e carinhosamente!
Sem as perder! São tatuagens! 




Perca-se no apetite ... do estômago e da alma! 



Deguste na companhia. 
Um bom hábito!
O hábito da amizade, sem preço!
Um hábito de Olímpo!



Um passeio, já pela noite (quando acontece!), a motorização do corpo é um autómato 
em direcção a um espaço de sublime reserva e  romantismo.
Se o romantismo fosse um rio, seria Fôjo e Sérgio o seu nome.
Seria o Sérgio do Fôjo ou o Fôjo do Sérgio.
O Fôjo é, em toda a sua elevação, uma escultura, esculpida pelo Sérgio.
Entrar no Fôjo é entrar numa escultura.
Entranha-se e descobre-se. Descobre-se a poetização do Sérgio, do meigo e romântico Sérgio.
Romântico, mas romântico de intervenção.
Ternurento Sérgio, habitante eterno das entranhas esculpidas, na interioridade
ribeirinha do Fôjo, na tez de tertúlia literária.
Louvável homem e louvável local, esse rústico e navegável Bar de Rio,
Bar do Sérgio, essa interioridade navegante, esse Fôjo!
Essa escultura, labiríntica e encantadamente escavada!
The old man and the sea, by Hemingway.
The man and the river, by Sérgio.

Nas ofertas alternativas, ainda de beira rio, é motorizada mecanicamente no itinerário, 
até ao habitual, acolhedor e estimulantemente vidrado bar - Padaria.
Retomam-se assuntos, cumprimentam-se rostos, sorri-se e está-se!



Determinada a comandar, está a certeza da musicalidade, 
que a vida entre mar e rio comporta,
fazendo enchente com o brilho das embriagantes estrelas, ..., que não são de água!

Elementos de cristalina eternidade, ..., like diamonds! ... 
... are forever!

Fonte das imagens: Janielson Martins

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