sábado, 2 de abril de 2016

SUSTENTO DA ALMA - O VISIONÁRIO CASCÃO






Pois é, o nosso bonacheirão Cascão, parece que tem mesmo o cariz e o condão do visionário!

Como assim? 

Curiosidade? ... então ...

Recapitule-se:

Cascão é um personagem de banda desenhada/história de quadrinho (bd/hq), criado por Maurício de Sousa, em 1961. Pelas sábias qualificações videntes, é brasileiro, sem qualquer sombra de dúvida! É nosso compatrício.
Cascão

É elemento integrante da turma da Mónica.

A sua principal característica releva-se com a incontornável e prazerosa mania de não gostar de água, não gostar de tomar banho (neste sentido, tem pouco ou nada de brasileiro!).

É um sério adepto da paixão pela sujeira. 
Neste ponto, podem ser extrapoladas muitas ramificações deste simbolismo. Até mesmo às muitas definições do significante "sujeira". 
Para Cascão, sujeira é sujeira! Contudo, há muitas outras visões sobre o assunto. Há a aplicável visão institucional e política, a visão económica e social, a visão da cegueira e a visão da conveniente cegueira. 
Enfim, sujeira é sujeira mesmo! 
Cascão é tão só um personagem de BD/HQ, muito ternurento e feliz na sua clara e transparente sujeira! 
As outras (sujeiras, está de se ver!), já não serão nem claras nem transparentes (e muito menos honestas) nas suas fundações, nem laváveis com água e sabão!

Mas continuando com o itinerário da capacidade de ante-visão do vidente Cascão ...

Devido à sua carinhosa e tremenda paixão, apreciação e satisfação pela sujeira, ele é alvo e vítima de algumas mentes dissonantes, face ao seu tão amado fedor e fonte deste.
Cascão, encontra-se perante obstáculos reais e imaginários (sim, também os tem em sonhos), diversas vezes na sua historiografia, com estes insistentes vilões. 
Há o Capitão Feio, que vive num esgoto e não gosta de concorrência sobre sujeira, apesar de, sempre que Cascão se encontra em apuros, perante água e sabão, ou sob uma mera chuvada natural, ele é salvo pelo comparsa de gostos e fedores - Capitão Feio. Salientam-se, igualmente, as gémeas Cremilda e Clotilde que, tal como o Dr. Olimpo, vivem na obsessão das limpezas, todos poderosos representantes do neuroticismo, concludente na compulsão para a excessiva e ritualizada obediência cega, aos determínios do dito asseio.

Pois é! É tal e qual como o instituído e acrítico protocolo que se cumpre acefalamente, conduzindo a embarcação à cegueira, à brutalização e à petrificação das viabilidades do pensamento e da razão crítica. 
Marcha na obediência e na mansidão! Não penses! Apenas faz! ... Como os epsilons do Huxley! 
Maldição! Maldição! Maldição!

Pois é...Cascão denuncia tudo isto. 
Depois dizem, ainda por cima, que ele é a sujeira. 
Não é! Ele só tem a grandiosidade do precioso símbolo do alerta!
Que vos relembre...ele já conseguiu desinfestar uma tumba vazia de restos mortais de defunto, cheia de baratas, local onde se protegeu, em pânico, numa repentina e inesperada chuvada ... Era ver a baratagem a fugir...!!! 
Muitos outros e outras também fogem, quais ratazanas na ante-previsibilidade de um naufrágio, quando a força do povo e do sufrágio universal se transforma num "fedor" coeso e numa vontade de honestidade.

Adiante...

Mónica
Cascão é um potente defensor de futebol, sendo o melhor e o mais completo, das elevadas competências futebolísticas, lá do sítio dele.

Magali
Tem uma namorada que se chama Cascuda e tem, também, um animal de estimação  - um porco - chamado Chovinista.
São muito semelhantes no que diz respeito aos hábitos de higiene.
O Cascão tem ainda um bichinho de peluche, que é uma minhoca e chama-se Jujuba.

Apesar dos confrontos com o Sansão, o coelho de peluche e ferramenta bélica da Mónica, de quem apanha frequentemente, juntamente com o amigo Cebolinha, não há motivo que desfaça esta turma. 
São amigos de sempre e serão.

O Cascão, a Mónica, O Cebolinha e a Magali.

A Magali é a mais glutona. 
Devora tudo o que seja comestível. Contudo, mantém-se fiel ao seu deguste predilecto - a melancia!

Em homenagem à doce e voraz Magali, um jeitinho de melancia ... aqui dos lados!


Concluindo então as premeditações de Cascão ...

Não é mesmo que o rapaz (Cascão, está de se ver!), nascido em 1961, sempre se apresentou bem estilizado? 
Apenas precoce, para a época!
Maurício de Sousa, acertou na mouche. Parabéns!

Sempre Cascão viu para lá do que se lhe apresentava ao olho ... de notar, tão só, que, qual pinheirinho manso, cuja copa é redonda e bem juntinha no cimo do tronco, sem desvios ou madeixas caídas ... também Cascão tem o seu pretinho cabelinho, bem todinho no cima da cabeça.
Cascão, já em 1961 andava na enchente moda actual dos cortes e penteados masculinos. 
Bonita para uns e feia para outros...como tudo o que é moda! 
Cabelo rapadinho de trás e dos lados e com um tufinho ou tufão, em cima...! 
Alguns também têm uns desenhos, do género de tatuagens (só que são peludas!), tal e qual os altos ou baixos relevos, consoante os gostos e texturas!

Cascão, Senhor Cascão, vamos lá com contenção!! Calma!!!
Criou a moda em 1961, está certo!... Que agora transborda, qual exército de soldadinhos, todos iguais e imensos ... cabelinhos todos iguais ... como manda a tropa da lei cega: "Maria vai com as outras ...".
Criou a moda deste já definido corte de cabelo ... mas pondere as suas visões na criação de mais modas, assim, desse jeito visionário, ainda a humanidade terá que suspender a sua função respiratória...ou mudar de gostos aromáticos!
Senhor Cascão, ainda se corre o risco de pegar a moda da sujeira (a institucional, política, económica e social, já está!) ... contudo ...
... o mundo crê nos poderes controladores de difusão de pragas, que o Cascão possui, bem como no seu apurado dom de justiça! Se preciso for, o Sansão dará uma ajuda!
Garantias mostradas pela sua capacidade de previsão face às aventureiras intenções do Cebolinha, nas suas apaixonantes invenções para arreliar e destronar a poderosa Mónica. Se, este, mais ouvidos desse a Cascão ... muitas coelhadas de Sansão seriam evitadas ...!

Se pega a moda do cabelo do Cebolinha ... serão apenas cinco cabelitos no cimo da cabeça... recomendam-se cuidados acrescidos para a turma dos mais friorentos!

Cebolinha

Bem hajam, Cascão e toda a turma!
Muitos mais anos de oportunas, divertidas e acolhedoras histórias, 
para todos, 
doces companheiros e amiguinhos da bd/hq.


Edição: Janiel Martins











Fonte das imagens: internet 
Texto: Paulo Passos

sexta-feira, 1 de abril de 2016

ASAS DE FRANGO ASSADAS NO FORNO


Ingredientes:


- Asas de frango (as necessárias)

- Batatas de assar (a quantidade que entender)
- Espinafres 
- 1 limão
- 1 colher de sopa de polpa de tomate
- 3 dentes de alho 
- 1 cebola
- Azeite
- Malagueta (a sua decisão é soberana)
- Sal q.b.



Modo de preparação:
Cerca de três horas antes de cozinhar, tempere as asas de frango (previamente cortadas), com sal, malagueta, os dentes de alho picados e o limão (sumo, polpa e casca).
Misture bem, para que a incorporação e a conjugação de aromas e sabores seja intensa e perfeita.

Numa assadeira, coloque a metade da cebola picada, o azeite, a polpa de tomate e um pouco de sal, ao que adiciona as batatas (não descarte a pele).
Junte as asas de frango, descartando os pedaços de limão do tempero e misture bem.
Cubra com papel de alumínio, durante os primeiros 15 minutos de forno, a 180 graus.

Após esse tempo, retire o papel de alumínio e volte a envolver o assado.

Retorna ao forno e assará na exclusiva base da sua decisão e vontade, desde que permita que o dourado crocante invada a pele das asas e das batatas.

Numa frigideira, junte azeite, a outra metade da cebola picada e sal, deixando a cebola ficar levemente refogada.
Adicione os rolinhos de espinafres (estes foram congelados) e mexa bem para facilitar que tudo se misture (vai fazer alguns salpicos, ao misturar os espinafres com o refogado quente! ... mas faz parte!).

Quando os espinafres estiverem cozinhados (como desejar), pique o último dente de alho, envolvendo tudo.






Delicie-se e resmungue se alguma coisa não estiver do seu agrado...!!!


Resmungar ,...,  
directa e assertivamente, 
além de aliviar, 
é uma excelente medida impeditiva, 
às patologias psicossomáticas!







Fonte das imagens: Janielson Martins

quinta-feira, 31 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - BARCELOS: UMA LIÇÃO DE PORMENORES (PARTE I)

Chegar a Barcelos é, para quem ficou viciado na cidade, uma reposição da calma que a ânsia de regressar não permite ter.

É como chegar a casa depois de uma temporada fora.

O conforto da chegada, transforma o desejo numa satisfação que enobrece as mais variadas emoções.

Repete-se a liberdade de circular, de olhar, de estar, de sentir e viver os locais que já pertencem aos nossos interiores.

A ausência tem algumas particularidades que nos conferem segurança. Há como que um adormecimento do real, permanecendo apenas os valores que cada um filtra para sua própria protecção e satisfação. É a dominância da gratificação face ao desencanto.
A presença, activa todas as representações, numa ânsia certificativa de que tudo está como foi deixado. Tudo se mantém nosso!

Em Barcelos, esta particularidade é tão evidente que, ao revisitar a cidade, sinto sempre necessidade de me circular sozinho, para unificar os carinhosos laços existentes entre a cidade e o meu sentimento por ela.
Preciso, indubitavelmente, de circular, de me circular nela e comunicarmos num namoro que só a nós pertence. O aconchego das nossas trocas de secretos murmúrios, unificam-nos, fortalecendo a pertença à cidade, ficando a cidade como referência. É coesão, sim! É fusão.  


O que poderá ser repetido, ainda que invariável, tem sempre novidades para contar. 
Só a familiaridade existente entre nós, permite sentir a cumplicidade por nós já alcançada.


Um passeio, independentemente das condições climatéricas, envaidece-nos na grandiosidade de quem ama e ama com segurança.
A cidade veste-se, ao meu olhar, num provocatório traje de elegância e de beleza que, dos seus mais ínfimos requintes, transbordam ondas de encantador charme e de humor reluzente para ânimo e gáudio do nosso novo encontro.

Foi uma notável manhã que passei, vagueando pelo centro histórico da cidade, enquanto aguardava por uns amigos, para almoçarmos.

Fui conversando com a cidade. A cidade foi conversando comigo, indicando-me, como sempre acontece, qual o itinerário a seguir.
Eu só me deixei levar.

Sugeriu-me pormenores que mereceram representação. 
Fui olhando, com a curiosidade convidativa da cidade. Era num murmurar baixinho que ele me soprava no ouvido, dirigindo-me, carinhosamente, o olhar para os pormenores que lhe chamavam à atenção e que achava ser eu, merecedor de ser o seu parceiro de partilha.


De entre os inúmeros estímulos que uma rua pode ter, estão sempre outros tantos que, pela riqueza do pormenor, activam as valorizações e corrigem prioridades.


Alguns desses estímulos foram fotografados, com a soprada indicação incansável e sorridente da cidade, no meu ouvido...

São duas matérias sobre este assunto. "Barcelos, uma lição de pormenor", sendo esta primeira crónica dedicado a elementos filiados na escultura e na arquitetura. A segunda crónica, a publicar brevemente, incidirá em elementos, predominantemente, de índoles arqueológicos e decorativos.

Sugerindo um escutar a cidade e um olhar atento ao que ela diz, encontra-se, garantidamente, muito material de nobreza artística e cultural.




























Preciosa manhã de namoro ...

Sugere-se a experiência!

Bem haja ... bela cidade de Barcelos!













Fonte das imagens: Janielson Martins

   
  

quarta-feira, 30 de março de 2016

ENTREMEADA NO FORNO


Ingredientes:

- Entremeada (o necessário)
- Batatas (assar)
- Bróculos (o desejado)
- 1 pimento / pimentão
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- Pimenta q.b.
- Sal q.b.
- Rosmaninho
- Azeite
- 1 limão
- 1/4 copo de vinho branco



Modo de preparação:

Numa assadeira (preferencialmente de barro) coloque o azeite, a cebola picada, os dentes de alho esmurrados, o pimento cortado aos cubos, o rosmaninho, a pimenta, o sal, 
o vinho e o sumo do limão.

Massaje a carne e as batatas (com pele e golpeadas a meio) com o preparado.



Cubra com papel de alumínio e deixe ficar cerca de 2 horas, 
para que os sabores e aromas sejam incorporados.

Coloque no forno, previamente aquecido, a 180 graus. 
Mantenha o papel de alumínio nos primeiros 30 minutos.
Retire-o e deixe que o dourado faça o seu trabalho, com a ajuda da 
temperatura do forno e da sua dedicação.

Coza, numa panela com água e sal, os bróculos, que acompanham o assado.



De resto ... faça tudo como lhe apetecer!


Saliente-se com o seu assado de entremeada com batatas e bróculos.




Viva!


Mexa-se!





Sorria!


Edição: Janiel Martins

terça-feira, 29 de março de 2016

MEXIDO DE OVOS COM LEGUMES


Ingredientes:

- 4 ovos
- 1/2 cebola
- 1 dente de alho
- Vagens (ou qualquer outro legume)
- Malagueta (o que entender)
- Polpa de tomate (1 colher de sopa)
- Sumo de limão (a gosto)
- 3 folhas de hortelã
- Margarina
- Sal q.b.


Modo de preparação:


Para uma frigideira, pique a 1/2 cebola e o dente de alho, já com a margarina derretida. 
Deixe a cebola translucidar.
Adicione as vagens cortadas (estas foram um resto de uma outra refeição, e já estavam desorientadas dentro de uma pequena malga, no frigorífico).
Numa tigela, bata os ovos com a polpa de tomate, as folhas de hortelã picadas, a quantidade de malagueta que quiser e o sal.
Junte à base e mexa com a doçura que os ovos exigem e que tão bem sabe fazer!
Deixe-os como entender ... contudo, estes ficaram bem molhadinhos ...!!!
Já na travessa salpique-os com sumo de limão, do jeitinho que mais for do seu prazer!


Brinque às coisas sérias ... todos os dias! Sem falta!

Lembre-se que há muita gente (entre os mundanos políticos, encontram-se muitos exemplares destes) a brincar com a seriedade e a pensar (dizem!) que estão a trabalhar 
e a contribuir para o bem comum ...!!! 
Essa gente, consciente ou inconscientemente, são os/as hipócritas e os/as assassinos/as da nobreza da existência com liberdade, com igualdade e com justiça!

... boa garfada de mexido de ovos com legumes ...

Fonte das imagens: Janielson Martins


segunda-feira, 28 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - FRUTADA EM TIBAU DO SUL, RN / BRASIL





Tibau do Sul / RN / Brasil 

Tibau do Sul é uma cidade do nordeste brasileiro, com cerca de 12.000 habitantes, 
no Estado do Rio Grande do Norte.

Dista cerca de 75 km, no sentido sul, da capital - Natal, 
e de 7 km, a norte,  da famosa e cosmopolita Pipa.

Localizada na costa meridional do Estado do Rio Grande do Norte, 
Tibau do Sul, integra a Mesorregião do Leste Potiguar.

A sua privilegiada localização, entre o Atlântico a a Lagoa de Guaraíras, 
deu-lhe a designação que a embeleza e caracteriza - Tibau ("do Sul", em diferenciação da sua homóloga, no extremo norte do Estado), 
que, no idioma indígena, significa "entre duas águas".

Tibau do Sul é uma garantia de beleza transbordante, 
em que o cenário do litoral do Nordeste do Brasil, justa e nobremente se empolga.

Se o amor teve algum lugar para nascer, Tibau do Sul é, indubitavelmente, uma justa e acérrima localidade, candidata ao pódio!

Tibau do Sul, ..., é o lugar do amor, da sintonia e do desejo!


No amplo alpendre da casa, situada de feição com a Lagoa de Guaraíras 
(nome notavelmente belo), 
numa tarde onde tudo se enquadrava na paz e serenidade. 
Após um delicioso e relaxante banho, nas tépidas e luxuriantes águas da lagoa e, 
... na companhia de eleição, 
surge a multiplicidade de aromas, cores e sabores, 
que esta preciosa Região do Brasil tem a peremptória elegância de gerar,
enobrecendo os sentidos com as mais puras emoções e gratificações.

Entre a valiosa e surpreendente ternura e beleza de alguns companheiros de deguste,




... da colorida e esvoaçante musicalidade, que se fazia sentir, numa imensa variedade e encantadora orquestra voadora, ...

... bem como do usufruto de equipamentos ambientais disponíveis ...

... a tarde não passou ... voou!

A vitalização e a vigorização estavam instaladas!

 A hidratação foi reposta por uma insubstituível refeição de fruta, 
onde o namoro e o casamento
das cores, com os aromas e os sabores, se matrimoniaram
com todos os sentimentos
que emanavam, salientando-se os derivados das gulas ...
... das diversas gulas!

Contornos englobantes de paixão e amor!
Adornados pelo fogo das cores que se irrigavam nos e dos olhares!


Nunca se desperdice ... nem se desgaste
... nem desperdice tempo e alma ...  
desrespeitando o que o amor oferece!

Ceda-se às iguarias da paixão e do amor!
Não arraste consigo as suas mediocridades! Descarte-se delas! 

Amor ...
... é uma dádiva infinitamente dourada, gratificante e preenchente, ..., 
tem valor de vida,
para ser alternada com fúteis, desgostosos e obscuros caprichos!
Ame ... não machuque!

Opte pela luminosidade do dourado!
Valorize a luminosidade do dourado! 
Viva com o gostoso sorriso do dourado da luz do Sol!


Fonte das imagens: Janielson Martins
  

domingo, 27 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - NATURAL MOTIVAÇÃO ARTÍSTICA


 

"É a minha vez" e "A santa ceia dos condenados"

Dois exemplos de notoriedade de um trabalho mental trazido à superfície, pela via da pintura, no cenário do nobre efeito de motivações naturais, num auto-didatismo tão natural quanto perfeito. Sem invasões de academismos balizados por tendências, qual moda travestida de trapos. 

Não se trata disso, trata-se, eficazmente de um suspiro embelezador, catártico, com origem nas naturalidades de indivíduo, na perfeita isenção a subjugações ou adesões de carreirismos ou ideologias artísticas. 
É um perfeito, saudável e natural exemplo de alheamento de influências.
Existem, certamente, influências ... São as proprioceptivas, as da naturalidade, as da essência do sujeito.
Naif ? Eventualmente, no banal e categórico balanço técnico! Discordando, adianta-se, pela plasmada razão do volume de conteúdo tão denso, nas esferas do inconsciente, onde o traço e a cor foram as únicas vias para o iluminar. 
Preciosa ingenuidade!

De que importa a classificação e a categorização, perante tanta profundidade de sentir e saber?
Congratula-se pela liberdade de não estar acorrentado nem atrelado ao competitivo, incompleto e limitado mundo académico, nem ao de prestação incondicional de vassalagem
aos meandros comerciais e negociais.
Este "doutoramento" não tem referências bibliográficas, 
é isento de academismos e de vassalagens, 
e não obedece às regras da indústria dos títulos.
Este "doutoramento" tem estudo, tem trabalho, tem visão, vida e genialidade!
Não tem atropelos, nem abalroamentos!

Honrosas congratulações ao homem e ao autor, pela nobreza do seu caráter, de onde lhe transbordam qualificações.
É um filho da honestidade.
  

É A MINHA VEZ
(2016)

Acrílico sobre tela: 24 cm X 18 cm (assinado e datado no verso)




Ingredientes de exatidão para a confeção de uma preciosa caracterização de um exemplar manifesto de motivação artística, especificamente, para a pintura, de um jeito integralmente natural, ou como se diz em linguagem da ciência psicológica, motivação oriunda de um local de controlo, de índole interno e ativo (é um tipo de elite, porque mais seguro e genuíno).
É uma aptidão em transformação de capacidades artísticas.
Genuína concetualização (psica)analítica, onde se cruzam as mais nobres e profundas pulsões com a algazarra das intenções de registo social.
É um cruzamento com conflito. 
Espelha, o quadro, uma matriz de sentimentos provenientes de uma excelência capacidade introspetiva, em confronto com as exigências de um estado social decadente e ofensivo para o conforto pulsional.
Traduz a guerra entre o motivo da doença social (os obscuros e danosos territórios sociais) e os esforços psíquicos para salvaguardar, até ao limite, a integridade possível, do sistema psicológico.
Não se segura no conforto e na certeza das relações, segura-se numa linha de montagem fabril, numa fila de espera para se ser alimentado, ordenhando oralmente a mãe. Do menor ao maior que, na ausência de espaço psicológico, se vão esgueirando e contorcendo para o alcance dos fins (sugar). É a origem da ginástica realizada nos meandros da malandragem, para o alcance do fim. É o simbolismo do desrespeito pelos meios, do desrespeito pelo outro. Simboliza as mais básicas estratégias de sobrevivência - a caça - mascarado pela máscara socialmente visível da organização (falsa). Na confirmada ausência de fiscalização, o impulso é o de ataque para roubar, no imediato. 
Tal como na doença do caráter, onde o contorcionismo obscuro,  para o alcance das intenções, assume as rédeas do cumprimento, meio usado por excelência. 

O quadro intitulado "É a minha vez", salienta-se no índole do inconsciente, materializado numa colorida, contudo aflitiva, alusão ao formato biológico da nutrição - a amamentação. 
Traduz quase um propósito sobrevivente, chorando-se sobre o leite derramado.
Traduz-se pelos ímpetos da animalidade, no formato humano.


A SANTA CEIA DOS CONDENADOS
(2016)

Acrílico sobre madeira: 44 cm X 34 cm (assinado e datado no verso)

Título: A Santa Ceia dos Condenados

Simbolização da beatificação dos condenados, dos desviados, dos segregados.
É a glorificação do mal, simplificado pelos valores da corrupção, camuflados pela honestidade. 
É o sistema social beatificador das suas próprias inseguranças e maleitas.
Glorificação dos condenados (da humanidade), materializados por representações liliputianas ou demóniozinhos, ou mesmo por meros pensamentos ou rasgos pulsionais, tão só por serem humanos.
A cor fortalece o quadro, mantendo-se a delicadeza dos gestos inerentes à leveza dos pensamentos ou das intenções (conscientes ou não conscientes).
O vermelho de fundo, incute um forte cariz de infernização e penalização ao cenário, contudo, zombado pelos sorrisos expressos nos rostos dos esvoaçantes e condenados pensamentos, existindo como o comportamento de um fluido, ocupador da globalidade do espaço, com insistência e sem contrariedade! Existe!
Ceia dos condenados ou dos pensamentos condenados!
Santa ceia dos pensamentos condenados e condenáveis! 
Visão supra-terrena e supra-matéria da condenação.
Materializa os ímpetos humanos, repletos de devassidão, aos olhos de uma moral devassa e aos olhos da hipocrisia dos valores sociais, da falsidade entre o sentido e o pérfido proclamado protocolo de definição das condutas exemplares.

Os dois quadros encontram-se na profusão da profunda linguagem psicológica, na linguagem intra-psíquica. Usam corpos para se exprimirem, sem que a linguagem seja a corporal. Escravizam corpos, os dois quadros. Salientam almas, denunciam desigualdades, denunciam aflições sufocadas.
Cruzam-se na linha da continuidade do notável constructo que habita a imaginação, manifesto pela criatividade e pelo saber fazer material, de material psicológico.
Excelente otimização do poder introspetivo e de o trazer para a partilha.

"Um quadro não serve para decorar paredes. Um quadro é uma arma de guerra"
                                                                                                                            (Picasso)

"A lógica leva-nos do ponto A ao ponto B. A imaginação leva-nos para todos os lugares"
                                                                                                                                      (Einstein)











(Por manifesta vontade do autor, não é debitada a sua identidade)

Fonte das imagens: Janielson Martins