ISTO É UM IATE DE LUXO
"To be, or not to be - that is the question ..."
(The Tragedy of
Hamlet, Prince of Denmark,
by William Shakespeare)
No sendo ... eis o texto ...
"O GANIR DA VELHACARIA
Paulo Passos
O ganir dos velhacos
advém das dores sentidas, sendo, contudo, dores genuinamente flácidas (sem tesão). São
um tipo de dor que ataca, sobretudo, uma boa parte do povo político,
empresarial (mas só dos bons! Sim … não é o dono do barraco dos churros!) e
banqueiros, não sendo, contudo, uma exclusividade desta camada da população que
nasceu com jeitinho vocacionado para a dita politização e materialização das
próprias vontades … enfim … uns verdadeiros heróis (e heroínas) da democracia e, já se sabe ..., uns adeptos ferrenhos (mas mansinhos) do controlo das nomeações...!!!
Qual
timoneiros, o seu lugar é sempre no comando, na gestão, dos conselhos
directivos e executivos. Nunca se viu uma alma destas com uma esfregona na mão,
ou a partir pedra, ou a remendar um pneu de uma bicicleta pasteleira. Nasceram convictos para
a sua função de líderes e, estudaram, quase todos pela mesma cartilha, daí toda
a sua riqueza de conhecimentos. Nunca se ouviu uma destas criaturas a dizer que
não sabia alguma coisa. Têm sempre como comentar e até dar palpites de
solução.
Como preciosa fonte de
pesquisa justificativa, podem-se recolher os relatos confirmadores das
histórias de infância dessa rapaziada, narradas por empregadas domésticas,
orgulhosamente saloias.
Sempre que é preciso
confirmar ou garantir a veracidade das histórias, lá vão elas debitar os
passados dos patrões, em relatos censurados e filtrados pelas patroas e
memorizados com muita dificuldade. E lá estão elas, com o selo da sua casta de
servidoras, nos canais de televisão, que emitem em formato de propaganda, no
meio de um telejornal, de uma reportagem a emitir, integralmente, mais tarde.
Relembram, algumas com um
sorriso, provocado pela vergonha e pela saudade “daquele tempo” que, no meio
das cócegas na barriga do “seu menino”, vinha uma gargalhada dada pela criança
(igual em todas as outras e juntamente com uma outra gargalhada, esta saída por
baixo…) ao que se seguia, invariavelmente, uma voz debitando a sentença de que
tinha nascido para mandar. Aquele feitio era mesmo só de quem sabe! Ouviam-se
estas satisfações, arraialadas com provocadas risadas falsamente contidas,
desde as tias à velha, prostrada num sofá de canto, irmã mais velha da mãe do
pai do rapaz.
Aliás, estas senhoras
empregadas são tão saloias como as senhoras patroas, só que se vestem de
maneira diferente. Vestem-se e também falam de maneiras diferentes. Têm, de
muito parecido, a maneira como cagam. Contrariamente, a forma como se cagam,
debita diferenças bem evidentes. Numas, está de ver que se trata das senhoras
empregadas, o peido é roliço, viçoso, com presença e corado, de cores sadias.
Nas outras o peido é pálido, tímido, dissimulado e flácido, mas com a
particularidade de vencerem aos pontos, no que concerne ao pivete que causam…empestam
tudo…!!!
Para designar um mesmo
significado, as senhoras patroas apenas podem dizer um significante. As
senhoras empregadas podem dizer de qualquer forma existente.
Se não, tomemos o seguinte
ilustríssimo exemplo que traduz fielmente o postulado no argumento: Para a
designação da cor (vermelho), as senhoras patroas e os senhores patrões (estes,
se tiverem um dos pulsos partidos, geralmente são de duvidosa virilidade e,
outros, se homofóbicos), pertencem a um grupo popular que só pode dizer “encarnado”.
As senhoras empregadas tanto dizem “encarnado” como “vermelho”, consoante a
região de Portugal de onde são oriundas.
Há, saliente-se, pela parte
do povão patrão um nobre desígnio, como clara e lógica justificativa para tudo
o que fazem (desde que beneficiem e, preferencialmente, em dinheiro, que pode
ser por transferência bancária ou cheque).
Para se diferenciarem e
conseguirem, nem que seja um voo barato, em classe turística, para uma festa de
verão no Algarve (recomenda-se para irem aproveitando, porque se isto civilizar
– não se crê! - passarão mesmo a ir de camioneta, se tiverem dinheiro para o
bilhete, que vai do Campo das Cebolas em Santa Apolónia, até à estação de
camionagem em Portimão. Algumas camionetas param em Castro Verde para o pessoal
dar a mijinha e beber uma bejeca fresquinha), elas fazem qualquer coisa, mendigam
telefonicamente, serve tudo, até mesmo uma assolapada admiração momentânea (se
tiver que ser) por literatura brasileira do século XIX, de que nem um título ou
autor conhecem. Isto, na melhor das hipóteses, se elas souberem que existiram
escritores que escreveram livros, no século XIX, no Brasil ... ou noutro qualquer país.
A ingratidão desmedida que
assola o povo português não tem dimensão na esfera do entendimento. Claro que,
como tudo o que advém das senhoras patroas, tem um objectivo benfeitor ou
caridoso. É pois, uma falta de consideração e até de afronta à tão inegável e
badalada inteligência e altruísmo, desta camada popular do círculo das patroas.
Está de se ver que o “encarnado” vem da bondade e da cooperação homenageante,
para com as famosas festas populares do colete encarnado em Vila Franca de
Xira, lá para o Ribatejo, se é que não pertence já a Lisboa …!!!
Alguns factos conferem uma
tal carga de humildade, a estas raparigas, que o mais rijo gladiador sentiria
os olhos a humedecerem se conhecessem algumas histórias. Algumas destas
“madamas” já tentaram vender de tudo, no desespero de diminuir as dívidas acumuladas.
É clássica, dentro da modernidade do século, a tentativa de venda, por 20 euros
(mas era dos grandinhos, diga-se), por uma destas criaturas, de um isqueiro bic
vazio, de plástico que já tinha sido branco, com a torre Eiffel gravada, mas já
muito esbatida pelo uso e pelo tempo. Memória da última viagem a Paris. A peça
rotativa na parte de cima do isqueiro estava tão encardida, mas tão encardida,
que já não rodava. Soldou-se com esterco. Mas pronto. Sempre daria para uns
maçitos de cigarros.
Estas fulanas são também as
que nunca passam, na idade, do algarismo 9. Quando fazem 40 anos, dizem ter 29,
enganando até com as velas do bolo, que assinalam sempre o que estas gajas
querem. Nesta, lá estava o pobre do bolo (que quem o fez nunca mais vê o
dinheiro!) com duas velas a formar o número 29. Se têm 47 marteladas no lombo,
dizem ter 39. Se têm 68 no pêlo, aqui a aritmética já adquire novas e
estranguladas regras de seriação, ficando tudo mais apertadinho, pois elas têm,
com o rigor que as caracteriza, 49 anos! É como se se quisesse calçar um sapato
de tamanho 49 num pé de tamanho 68! Só não se pode provar pelo cartão de
cidadão porque, dizem, nunca andarem com ele.
Saloias e saloios são todas
e todos. Não há país para não saloias e saloios.
Ora, etiopatogenicamente,
foi isto que pariu grande parte dos mártires das dores flácidas.
Mas analisemos outro
fragmento populacional que, embora de casta inferior dentro da linhagem saloia,
tem as suas responsabilidades e contributos, mas que também são vítimas desta
doença, tendo a particularidade de gritarem mais e mais alto, talvez porque
nunca são ouvidos, nem sabem ouvir-se … são filhas e filhos do barulho.
Muitas
outras pessoas, realmente, padecem deste mal. Entre outros, da mesma categoria,
estão os chefes, chefes intermédios (estes, sem cura), directores, presidentes,
coordenadores, enfim tudo o que se presta aos prazeres das fantasias da
infância, transpostas na oportunidade de comandar, na actualidade. Sentem um
certo prazer nestas andanças e lidam muito bem com a própria mansidão e
sujeição. É a frustração no seu auge de rancor. Estão sempre à espera das
sortes. Nas sortes, aos felizardos, de imediato é passado um currículo
profissional e de vida, sobrecarregado de louvores e qualificações de rara dimensão.
Aos menos afortunados, geralmente sobra uma oferta, feita pelo galardoado e
aceite de bom agrado, se forem fiéis amigos de negócios. Aqui, geralmente
começa a aldrabice. São choros de manifesto sentimento de não merecimento de
tal responsabilidade, são atributos virtuosos de feitos nunca registados, são
surpreendentes contributos dados à ordem e aos desígnios do colectivo, são
garantias de nunca terem esperado tal honra. Enfim, tudo inventado e
descaradamente mentira! Se for preciso vender a mãe (vendável!), esta fica
disponível, de imediato, em qualquer superfície comercial. Também, diga-se de
passagem, não estavam a vender grande coisa. Alguém os pariu, não é verdade?
Esta dor caracteriza-se por
ser uma dor que se ouve e vê, mas raramente se sente. É uma dor sem vigor, sem
tónus, sem garra. É lancinante porque é barulhenta e faz corar, sobretudo
quando os doentes são apanhados de surpresa, ou desmascarados de um
manipulação, ou humilhados num manifesto, ou num confronto e levam com uma
sapatilha de raspão pelo focinho. É uma dor sem vergonha e sem honra.
É uma dor que faz ricochete.
Quem a emite, ressoa no exterior e pode ter o azar de, sob a forma de ridículo
e de denúncia da sua pobre expressão de subalternidade, travestida de patética
demonstração de poder. São os abandonados ou os miseráveis das seitas
familiares, muito propensas à proliferação desta flacidez, tão visivelmente
dolorosa.
Como medida de tratamento,
estão contra-indicados os analgésicos, comprovando-se, em todos os estudos, na
base da consulta dos artigos relativos ao assunto, nos últimos 30 anos, que uma
boa dose de vergonha e uma monumental carga de porrada de vez em quando, têm um
efeito terapêutico duradouro e com remissão de todos os sintomas.
Epidemiologicamente atinge
grande parte dos cidadãos já referidos e surge, sobretudo, a partir dos 25
anos, não sendo, contudo, raro encontrar-se em idades mais tenras. Há,
curiosamente, relatos em artigos da especialidade de terem sido encontrados
enfermos de 14 e 15 anos, já debitando os primeiros sintomas deste flagelo.
Pioram sempre quando fazem carreira de vida nas juventudes de certos grupos
políticos e partidários.
São
muito facilmente identificados, os desgraçados que sofrem com dores flácidas.
Geralmente, o primeiro urro da lancinante dor, surge na sequência das primeiras
coisas que dizem. São sempre mentiras. Por vezes tão bem pregadas que até eles
acham que são verdades, pelo menos no momento em que as vomitam. É como se
estivessem a mentir para eles próprios, tal não é a dimensão e a profundidade
das raízes do vício da aldrabice. Também, e em abono da verdade, se não
acreditassem, estoiravam! Só mesmo um genial mentiroso é capaz de tal façanha.
Mas há muitos por aí e sempre desejosos de exercitarem as suas proezas de artistas.
São puros exemplos expressões do tipo “…estou atento ao desenrolar das
operações …”, “…apesar de distante, mantenho-me atento...”, “…estou seriamente
atento e alerta a todo o contexto…”, “…mantenho-me informado de tudo o que se
está a passar…”, “…estou aqui por causa dos doentes…”, e pior dos piores
“…estou serenamente atento…”. Isto sim deve ser o absolutismo dessa dor,
conseguir estar sereno com gente a morrer com fome, entre outras mazelas! Têm
tido sorte porque muita parolada tem ido atrás.
Este
excessivo sacrifício de atenção tem várias interpretações, sendo a que oferece
maior consenso, aquela que se refere ao significado “…estou-me a cagar…”.
Flacidamente a cagar! Serão as aliviantes “dores” de expulsão da merda? Devem
ser, já que a flacidez, na realidade pode não doer! Só pode ser uma dor causada
por um engano na tubagem. É como se se falasse no leite paterno!
Esta é a dor da populaça
velhaca, burgessa ... gentalha com dor da flacidez na integridade da pessoa. São corpos sem
esqueleto psicológico. São sempre descaídos e desconhecem a verticalidade. São
as dores da mentira, da farsa, da falsidade ... são as dores deles e delas. É
uma integridade morta, putrefacta, despejada ... qual nádegas velhas … qual
ratazanas de esgoto cheias de peladas por tanta moléstia na essência."