segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - UM CALULU, LEMBRANDO SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

São Tomé e Príncipe é um país arquipélago da costa oeste de África.
É formado por 2 Ilhas (São Tomé e Príncipe), sendo a sua capital a cidade de São Tomé, localizada no nordeste da Ilha, com o mesmo nome.
O país tem uma população aproximada de 190.000 habitantes.

São Tomé e Príncipe, jamais pode ser referenciado sem se aludir à pojante vegetação que ali prolifera.
Em São Tomé e Príncipe não é possível existir alguém que se consiga alhear da força e do poder do crescimento da paradisíaca e luxuriante vegetação, bem como das suas múltiplas ribeiras que irrigam toda a Ilha, desvanecendo-se pelos ecos e pelas ressonâncias que se entranham pelo verde.

Praias de notabilidade rara, com o turquesa do atlântico a comandar, logo seguido da fabulosa temperatura da água, para os apreciadores de águas generosamente mornas.

A imaginária linha do Equador, atravessa este país, precisamente no Ilhéu das Rolas, magnífica ilhota a sul da ilha de São Tomé.

Produtor de café e cacau (e que cacau!), de sol e calor, da refrescante e aliviante chuva, temperando todos os mais requintados gostos e exigências, São Tomé e Príncipe assume um merecido lugar de pódio, nalgumas artes da sua gastronomia, apenas ultrapassado pela categórica genuinidade da população.

Impensável referenciar São Tomé e Príncipe, sem aludir, em ode, ao teatro.
Em São Tomé e Príncipe, o teatro adquire dimensões de extraordinária notabilidade e peculiaridade. 
Assume-se na designação de Tchiloli. 
Centra-se na representação teatral de intentos gravados no cerne da existência santomense. 

O tchiloli é para ser apreciado, degustado e, lentamente (ou, usando a expressão "leve-leve", muito comum na população local), digerido, deixando-o incorporar-se ao seu jeito!
O tchiloli integra, notavelmente, o património cultural de São Tomé e Príncipe, sendo um manifesto artístico imperdível, tanto pela raridade dos seus formatos, como pela riqueza dos seus conteúdos.

A imagem acima é um quadro (integrante de uma coleção particular de um colecionador europeu) do artista plástico santomense - René Tavares. 
René Tavares, um nobre e louvável nome, completo nos meandros da qualidade artística, tanto em São Tomé e Príncipe como no estrangeiro. 
A mestria do desenho espelha a mestria do ticholi, não fosse René Tavares um marco da grandiosidade artística que São Tomé e Príncipe, honrada e orgulhosamente, tem, para oferecer, deliciando, ao mundo.


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Calulu ! Um calulu ... !!! ...

Numa culinária variada e conjugada com as ofertas da Ilha, sobressai, entre outros deliciosos degustes, o famoso calulu.

São várias as descrições sobre a origem deste prato. Contudo, a garantia, é de ser de África.
Provavelmente oriundo de Angola, sendo, na atualidade, uma referência também atribuída a São Tomé e Príncipe.

Há calulu de peixe, de frango, de porco e,..., o melhor de todos, ..., o da sua imaginação!

Um calulu !! .. muito santomense (ou são-tomense) ... pelo menos na intenção e no carinho !!!

Este será um calulu de entrecosto de porco!

Excluindo a narrativa descritiva das quantidades, para aumentar a liberdade decisória, o pacote dos ingredientes deste calulu, inclui:

(Advertência: Não se deixe intimidar pela falta de determinados produtos. Siga o provérbio: "quem não tem cão, caça com um gato"!)

- Entrecosto de porco; azeite de denden; tomate; cebola; alho; quiabos; beringela; espinafres; couve; pimento / pimentão; malagueta; casca de óssame; misquito ou mosquito (erva aromática santomense); limão; coentros; colorau; sal e ... as suas excelentes competências imaginativas.

Corte as tiras do entrecosto e coloque os pedaços numa panela com o azeite de denden (pode optar por misturar esta gordura com azeite de oliva) e o colorau.
Mexendo com o seu jeito, deixe que a carne fique cozinhada.
Ainda respeitando o seu jeitinho, corte todos os legumes, deitando-os para a panela onde está a carne.
Os sabores e aromas irão sendo conjugados, à medida que vão sendo mexidos e misturados, com a ternura devida.
Adicione o sal, o óssame, o misquito e a malagueta.
Espere que tudo fique combinado!


Já no prato, polvilhe com coentros picados e raspa de limão ou, se assim entender, faça chuva com o sumo!


                         ... use o pretexto que entender para repetir ... que pode, até, ser nenhum! 


Fique feliz ... fique muito feliz !




Fonte das imagens: Janielson Martins   









domingo, 28 de fevereiro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - DENUNCIAR E COMBATER A HOMOFOBIA


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... denunciar e exigir justiça célere e prática,
 sobre tudo e todos os que atentam contra os direitos humanos, 
é um indicador de respeitável equidade civilizacional,
 a que nada nem ninguém podem ficar alheios ...



Todos os dias, as notícias sobre crimes contra pessoas LGBT (sigla identificadora de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros, Transexuais e Simpatizantes), invadem alguns  dos boletins divulgadores de informação. 
Felizmente que o silêncio já não é um reino ... mas, infelizmente, outros desses meios informativos e institucionais, silenciam-se nas suas próprias intenções!

......... despertando ......... 

O nosso país - Brasil - ocupa o primeiro lugar mundial nos manifestos homotransfóbicos, com o número mais elevado de registos de crimes desse índole, sendo seguido pelo México e pelos EUA (curiosamente ... 3 países americanos), segundo informações recolhidas na wikipédia.
Se assim, estamos (todo o povo brasileiro) tristemente sós e abandonados neste 1º lugar do ranking da incivilização...

Em: http://www.pragmatismopolitico.com.br, numa matéria inerente aos 10 países socialmente mais avançados do mundo, pode-se ler que, o país da América Latina melhor colocado ocupa a 24.ª posição, estando o Brasil localizado na 42.ª posição.
Dos 10 países socialmente mais avançados, referidos no citado artigo, 7 são europeus e todos do Norte da Europa, sendo estes os países onde se encontram os menores índices de homotransfobia.

Segundo informações do GGB (Grupo Gay da Bahia - Brasil), um homossexual é vítima de homicídio ou suicídio, por motivos inerentes à homotransfobia, em cada 28 horas, sendo que, em cada hora, se verifica um manifesto agressivo a pessoas LGBT.
Salienta ainda, este grupo de trabalho que, cerca de 70% dos casos de homicídio, ficam impunes, perante os meios disponíveis para o cumprimento de justiça.

Formas de luta, contra esta epidemia nacional, deveriam estar na base das discussões e com imediatas e severas punições, sendo que, lamentavelmente, em moralidades discordantes fora dos seus próprios limites de interesse, o aparato disfarçador ocupa a primazia das intenções ... ficando tudo travestido, tudo incubado!...!!!...
Neste cenário, quase institucionalizado, os crimes continuam sob o lema do abuso de direitos e sob o lema da facilidade com que cada mera opinião ou cada básico impulso se transforma em lei.

Contribuindo para a divulgação de manifestos anti-homotransfóbicos e prestadores informativos e explicativos preciosos sobre esta matéria, está o artigo que se encontra disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0333 (Portal dos Psicólogos) e que aqui, textualmente, se transcreve.

Texto exemplarmente esclarecedor e de devida leitura, escrito por 3 psicólogos portugueses ... "Ensaio sobre a homofobia":

" Ensaio sobre a homofobia

2013
Psicólogos Clínicos 





Nos anos 70 do século XX, foi usado pela primeira vez o termo “homofobia”, no sentido de sistematizar e caracterizar um conjunto de constructos psicológicos, de natureza sócio-cultural, tradutores do princípio pelo qual alguns indivíduos estão construídos no sentido de sentirem aversão a qualquer postura homossexual.

Sendo que, os sistemas sociais são predominantemente heterossexistas, ao longo do percurso histórico, a incidência derivativa da homofobia centra-se no heterossexismo e está baseado num conjunto de representações mentais e crenças, que assumem a heterossexualidade como a única forma natural e normal das sexualidades.
A homofobia refere-se às atitudes e comportamentos de hostilização e de repulsa, face a relações afectivas e/ou sexuais, entre pessoas do mesmo sexo, adicionado ao ódio pela existência de sentimentos homossexuais noutras pessoas.
Caracteriza, a homofobia, o medo e o resultante desprezo por pessoas homossexuais, sentidos por outros indivíduos e, como designação utilizada para descrever o medo de amar ou de estar intimamente com alguém do mesmo sexo, ela (homofobia) é, de facto, fruto do medo, dos homofóbicos, de eles próprios serem homossexuais, ou que pensem que o são.
Este medo, na construção psicológica dos sujeitos é, na realidade genuína, já que a maturidade dos factores da personalidade e ela própria, estão aquém da funcionalidade das instâncias superiores, pela sobrecarga do constante efeito dos mecanismos de defesa instalados, sempre ao serviço da manutenção da falsa integridade do indivíduo, mas com a cobrança inerente, através do impedimento da consciencializações das verdadeiras representações e pulsões.
No estudo efectuado por Adams, H. ; Wright, L. e Lohr, B., do Departamento de Psicologia da Universidade de Georgia - U, e intitulado Is Homophobia Assocated With Homosexual Arousal?, é demostrado que os sujeitos masculinos tidos como heterossexuais e homofóbicos, sentiram, em cenário experimental, estimulação sexual, medida através da erecção peniana, quando expostos a visualização de cenas filmadas de comportamentos homossexuais masculinos. Não foi verificada erecção peniana nos sujeitos masculinos heterossexuais não homofóbicos e expostos, igualmente, à visualização de cenas filmadas de comportamentos homossexuais masculinos.
O medo da consciencialização da génese pulsional, nos indivíduos homofóbicos e no que se refere ao desígnio sexual, parece estar na origem das posturas psicológicas face à homossexualidade, bem como do recurso às protecções psíquicas em serviço para o impedimento dessa consciencialização.
As manifestações de homofobia estão, comummente referenciadas, a vários níveis, onde o reportório atitudinal e comportamental, oscila de entre a repulsa e a aceitação, passando pela a pena e a tolerância.
Sendo que a “repulsa” se refere a uma condição de doença, de pecado ou mesmo de crime ofensivo, onde tudo é justificável para corrigir, ou segregar as pessoas homossexuais; a “aceitação” subentende, como forma de homofobia, que existe alguma coisa para ser aceite, não existindo a variante de aceitação / não aceitação, face há existência da heterossexualidade. Entre estes dois níveis, estão definidos a “pena”, onde a homossexualidade é tida como uma representação, identidade e existência de menoridade, face à heterossexualidade, esta sempre preferível a modelar; assim como a “tolerância”, onde a homossexualidade é vista como um período transitório de imaturidade, comum até mas, tacitamente ultrapassável.
Um contributo para o entendimento da necessidade dos indivíduos homofóbicos se defenderem, face às suas representações e pulsões de identidade sexual e que dominância de mecanismos defensivos, está referenciado no estudo de Lewis, A. e White, J., intitulado The Defense Mechanisms of Homophobic Adolescents Males.
Segundo o citado estudo, os principais processos psíquicos de protecção, ao serviço dos sujeitos homofóbicos são a “projecção”, a “denegação”, a “racionalização”, a “idealização”, a “formação reactiva”, a “sublimação” e o “recalcamento”, defesas definidas pelo discurso psicanalítico e que se referem a um conjunto de operações onde a finalidade é reduzir ou suprimir, qualquer modificação susceptível de pôr em perigo a integridade e a constância do indivíduo, como apontado no Vocabulaire de la Psychanalyse de Laplanche, J. e Pontalis, J-B, manual que suporta as definições dos diversos mecanismos de defesa e neste ensaio são aplicados às posturas de homofobia.
As pessoas homofóbicas utilizam o mecanismo de defesa da “projecção”, através da expulsão de si próprio e localização noutra pessoa, sentimentos, desejos e qualificações que o próprio recusa em si, ou seja, as atribuições homossexuais parecem estar, objectivamente, no próprio homofóbico.
A “denegação” é um processo pelo qual os sujeitos homofóbicos, embora formulando os seus desejos, pensamentos ou sentimentos, até aí recalcados, continuam a defenderem-se deles, negando que lhes pertençam.
O processo através do qual os indivíduos homofóbicos procuram apresentar uma explicação ou justificação, que pareça coerente ou lógica, para as atitudes, actos, ideias ou sentimentos que possuem, mas cujos verdadeiros motivos não se apercebem, é designado por “racionalização”.
A “idealização” traduz o mecanismo intrapsíquico, facilitador do reforço da representação dos valores do próprio homofóbico, levados à “perfeição” (ego ideal) e garantindo assim os seus pontos de vista, sendo que a “formação reactiva” é um procedimento de recurso do homofóbico, onde se espelha o hábito psicológico em sentido oposto a um desejo recalcado e constituído, reactivamente, em oposição a esse desejo.
De igual dominância de caracterização da produtividade defensiva do homofóbico, estão a “sublimação” e o “recalcamento”, onde a sublimação revela a tendência em canalizar para alvos não sexuais, as actividades operativas e funcionais, mascarando a genuína pulsão e identidade, para alvos socialmente valorizados; enquanto que o recalcamento, se traduz pelo mecanismo onde o homofóbico procura repelir ou manter no inconsciente, as representações ligadas às suas pulsões.
Em reflexão e em notável desprezo pela insuportável, corrosiva e miserável “ordem natural das coisas”, é de sublinhar que a liberdade e igualdade geram abstração e esta gera liberdade e igualdade, contrariamente aos movimentos discursivos e opinitivos de conveniência que geram concretismo e este gera regência pré-conceptual, funcionando, assim, como travão, oportuno e defensivo (medo das auto-consciencializações), ao compromisso facilitador de evolução dos sistemas sociais nas suas variantes de direito, justiça e alteridade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adams, H. ; Wright, L. e Lohr, B., Is Homophobia Assocated With Homosexual Arousal?, Journal of Abnormal Psychology, 1996, Vol. 105, Nº 3, pg 440-445
Laplanche, J. e Pontalis, J-B, Vocabulaire de la Psychanalyse, Presses Universitaires de France, Paris, 1981
Lewis, A. e White, J., The Defense Mechanisms of Homophobic Adolescents Males, Journal of Adolescence, 2009, Vol. 32, pg. 435-441 "


 FRATERNIDADE, IGUALDADE, LIBERDADE ... EDUCAÇÃO E JUSTIÇA,
SÃO PODEROSOS INSTRUMENTOS DE LUTA 
CONTRA AS ATROCIDADES ...

... ATROCIDADES ILÓGICAS E REVELADORAS
DESTA INFELIZ E  DESIGUAL REALIDADE


Fonte da imagem: internet

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sábado, 27 de fevereiro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - UM PETISCO AÇORIANO

Morcela com Ananás e Queijo Fresco com Pimenta da Terra

Um Petisco Açoriano


Numa tarde chuvosa e sem tréguas da humidade, passada em São Miguel, a elegante maneira açoriana não deixou que o clima do dia fosse obstaculizador a uma muito agradável tarde, onde a companhia, a conversa e o lanche foram soberanos.


Devo dizer que a humidade que senti na Ilha de São Miguel, a que os açorianos designam por "capacete", não me foi, de todo, desagradável.


Sentia-me a atravessar uma nuvem, sem estar dentro de um avião, o que achei divertido e peculiar.

Acresce que, se o tempo desse dia não fosse esse, talvez o petisco ("tira-gosto", no Brasil) não tivesse acontecido.


Pimenta da Terra








Aconteceu, sim! ... e aconteceu em casa de um designer e família, que tinha conhecido no dia anterior, enquanto olhava o quotidiano micaelense, sentado no muro da avenida marginal, em Ponta Delgada.

Estava sentado e senti uma mão (pequena) sobre o meu joelho e, olhando, vi um sorriso apontado para mim, esticando uma bolacha. 
Era uma oferta! Estava a ser oferendado!

Soube, logo de seguida, que era a Rita, de 5 anos, que se passeava com os pais - o Pedro e a Ana.

A Rita tinha sido a incomensurável mediadora e geradora das fabulosas tardes que iria ter, tanto nesse dia, como no dia seguinte.

Certamente que, com uma cicerone como a Rita, ninguém fica impávido e sereno perante os impulsos naturais de acarinhamento.

Acabámos sentados numa esplanada virada para o mar, o notável mar açoriano, densamente sedoso, de textura Atlântida e de sensações extraordinariamente mutáveis, mágicas e misteriosas. 

Bebemos uma cerveja regional, por sugestão do Pedro e da Ana, acompanhada por um hábito, que já conhecia, frequente em todo o Portugal. Acompanhar a cerveja com um tira-gosto chamado "tremoço", a que melhor me familiarizei, alcunhando-os de "teimosos", por serem, realmente, insistentes. Não se pára!

Delícia de combinação: a cerveja, os tremoços, a conversa, a companhia e o sítio!

Ajustámos realidades, onde debitei ser brasileiro e que iria ficar nos Açores por pouco tempo, para muita pena minha!

Trocámos de números de celulares ("telemóveis", em Portugal), combinando um próximo encontro para mais uma conversa, num momento de oportunidade.

A sorte inclinou-se para o meu lado e, na manhã seguinte, toca o meu celular. Era a Ana a convidar-me para um lanche em casa deles, uma vez que a chuva e a humidade não estarem a dar grandes variedades de alternativas. 
Era um sábado!

Aceitei e encontrei-me com o Pedro, no local e hora combinados, onde me foi, simpaticamente, buscar.

Entro no carro e, logo depois estávamos parados em frente a um portão gradeado, que era a entrada para a casa.
Lanchamos na sala que tinha contiguidade com o alpendre, garantindo-lhe a aragem necessária para os dias em que se justificasse, como me foi explicado.

A amizade parecia já de longa data.

Bebemos cerveja açoriana que acompanhou uns esplendorosos  petiscos regionais, cuja combinação de aromas e sabores fizeram trepar o paladar até aos destinos menos comuns e mais apetecíveis.

Foram grelhadas morcelas (no Brasil pertencem à classe dos embutidos) de São Miguel, cuja descrição gastronómica prima pelo requinte do equilíbrio.

É tudo harmonioso.
A textura, o picante, a canela, o crocante da pele grelhada, o aroma, a impensável, mas surpreendente, ligação com o ananás, salpicado levemente com raspa de limão, por um lado. Por outro lado, o queijo fresco lambuzado de vermelho, por uma pimenta regional dos Açores, designada por Pimenta da Terra, como lambuzado de clareza, esteve a duração desse momento.

Degustei-me e deliciei-me com os petiscos (...) fiquei amigo do Pedro, da Ana e ... da pequena Rita.
Eles ficaram meus amigos.

A disponibilidade, a franqueza, a partilha, a nobreza das motivações, a relação, foram os insubstituíveis ingredientes de primeira linha. Adornaram, descontraidamente, o ambiente! Marcaram presença para o futuro!

Qualificações e sensações que, mesmo a imaginação, tem dificuldades em interpretar. 



Texto e imagens: Janiel Martins
São Miguel não deixa ser descrito!
Não se descreve, sente-se e vive-se!

Apenas alguns eleitos, dessa terra de grandes criadores (escritores, pintores, escultores, compositores, ...,), como me referiu a Ana, conseguem que o Arcanjo se deixe ludibriar, quando aludem à Ilha!

Saudosamente, Pedro, Ana e Rita!
Saudosamente, São Miguel! Ilha de São Miguel!

                                                                                                                                                   
                                                                           









sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

BATATADA NO FORNO

Ingredientes:

- 2 kg de batatas
- 0,5 kg de peito de frango
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- 1 pimentão / pimento
- queijo ralado q.b.
- açafrão q.b.
- sal e pimenta q.b.


Modo de preparação:


Lave bem as batatas e coze-as, sem retirar a casca, numa panela com água e um pouco de sal.
Escorra-as e deixe-as arrefecer.
Retire a pele a rale-as grosseiramente.

Corte o frango em tiras e, numa panela coza-o com um pouco de água, o alho, a cebola picada e o pimentão cortados em cubos.
Tempere com o sal, a pimenta e o açafrão.
Deixe cozinhar até a água evaporar.
Recheio pronto!

Cubra o fundo de uma assadeira com uma parte da batata ralada, sobreponha o recheio e cubra-o com mais uma camada de batata ralada. Repita o procedimento, ficando com 2 camadas recheio intercalado com a batata. Finalize com batata e polvilhe com a sua dose preferida de queijo ralado. Leve ao forno a 200 graus, para gratinar, deixando dourar ao seu gosto!

Aconchegante refeição para um dia qualquer!

Delicie-se e brilhe!
Decore com verde...o verde de São Miguel...!

Edição: Janiel Martins





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

LOMBO DE PORCO NO FORNO

Ingredientes:

- 1 lombo de porco
- Colorau q.b.
- 2 dentes de alho
- 1 cebola
- 2 folhas de louro
- Sal e pimenta q.b.
- Cravinho q.b.
- Azeite q.b.
- 1/4 de copo de vinho branco
- Batatas de assar
- Grelos de nado


Modo de preparação:

Numa assadeira de forno, misture os alhos picados, a cebola às meias rodelas, o colorau, o louro, o cravinho, o sal e a pimenta.
Uniformize, juntando os líquidos: o azeite e o vinho.
Esfregue bem o lombo neste preparado.    
Deixe apurar durante cerca de 1 hora.


Ladeando o lombo, coloque batatas inteiras, previamente bem lavadas e golpeadas a meio, sem as descascar.
Cubra com papel de alumínio, com a parte mais brilhante virada para os alimentos.
Leve ao forno a 180 graus, tendo o cuidado de retirar o papel de alumínio ao fim de cerca de 45 minutos.

Coza os grelos, a seu modo, sem desperdiçar os caules.

Sirva como bem entender ... é sua, a refeição!

Fonte da imagem: Janielson Martins


CAFÉ COM LETRAS - BARCELOS E O FIGURADO DE RUA

Barcelos é, indubitavelmente, uma cidade que se rege pelo cariz da exemplaridade.


Almocei, sem referências, num restaurante do centro da cidade, onde me degustei com uns rojões minhotos, por sugestão do garçon (como se diz no Brasil) ou funcionário (como se diz em Portugal) e, ..., "em Roma sê romano!" ..., que me estava a atender, ao se aperceber que eu era brasileiro. Notável sugestão, a dele!

... a cordialidade, a empatia e a simpatia tiveram, igualmente, lugar de pódio, tendo sido um merecedor de ouro durante todo o almoço ...

Fez as honras da casa ao me oferecer um dos muitos nobres e símbolos da Região do Minho e de Portugal - o Vinho Verde.
Bebi durante o almoço (aprendendo!) uma malga de vinho verde "batido" por ele. 
O vinho verde deve ser servido fresco e deixado cair de determinada altura para o vivificar na malga, advindo daí a expressão "batido".

A malga foi um delicioso requinte!

Na companhia dos invejáveis rojões (prato regional da gastronomia minhota) e do vinho verde, a refeição tornou-se demais agradável e, surpreendentemente, também pela companhia de um vizinho de mesa, que fez questão de me integrar nos meandros culturais da vinha e do vinho verde.

Após o almoço, terminado com um pudim regional e um café tirado na perfeição, despeço-me do meu parceiro de conversa e pago a minha despesa, já ao balcão.

A gentileza e simpatia do ambiente do almoço, deixou-me confortavelmente sorridente, assim como me fez sentir que em Barcelos ninguém é estranho. Todos integram a terra e todos estão convidados, por bem, a pertencer à cidade e à vida da cidade.

Enternecido com a genuína cordialidade e feliz com todo o momento, saí do restaurante ... garantindo-me que este almoço não ficaria apenas comigo. Teria que ser partilhado ... teria que ser contado, pela satisfação vivida!


Com tempo e sem rumo definido durante a tarde, viajei-me pela cidade, olhando, olhando, olhando e caminhando.
A tarde estava chuvosa. Contudo, nada que abalasse as garantias de conforto, a que esta cidade já me tinha habituado.

Reparei, mais uma vez, que, pelas ruas, praças, rotundas, avenidas, jardins ... enfim onde houvesse Barcelos, estava presente a sua gente. 
Aqui, nunca se está só!
Gente que recolhe do interior da vida, a matéria para ser iluminada. Gente que desenha e esculpe o figurado da terra, uma das suas maiores e douradas virtudes.
O povo está na rua, também pela via dos seus manifestos culturais, pelos seus representantes em figurado.
O figurado de rua, esculpido com a mestria do conhecimento ancestral e com o orgulho na modernidade. 
É o manifesto do poder popular transformado em arte.

Pelo figurado, senti a presença da íntima vida, exposta pelos espaços comunitários, pelos espaços do coletivo. 
Esplendor da criatividade nas relações entre pares.
Notável exemplo de manter a cidade nos seus cidadãos, devolvendo a existência barcelense a quem é barcelense e a quem recebe como um barcelense.
Qualquer pessoa é barcelense, quando está em Barcelos!






O figurado está na rua. 
São esculturas de Barcelos para o mundo, representações do concretismo e do imaginário, dos seus notáveis artesãos e artesãs. 






Em débito ... algumas fotos das esculturas que, não sendo apenas peças que decoram a cidade, são, sobretudo, preciosos brasões de identidade e grandiosidade de uma Gente:












Ilustre cidade ... um museu vivo e futuro.

Agigantou-se o figurado, simbolizando a monumentalidade do povo.

Uma experiência de vida comungada com a terra.

Congratulações por, de todas as vezes que estive em Barcelos, me terem obrigado a sentir-me um homem de Barcelos.




Nunca é excessivo, ...,  aludir a Barcelos!


Até breve e bem haja, Barcelos!





                       
      Fonte das imagens: Janielson Martins
  




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

LENTILHAS COM CHOURIÇO

Ingredientes

- Lentilhas (você manda!)
- Chouriço (o que entender)
- Cenouras (a seu prazer)
- Couve (a mesma dosagem dos anteriores)
- 1 cebola
- Alhos (2 generosos dentes)
- Polpa de tomate (2 colheres de sopa)
- Sal e pimenta q.b.
- 2 folhas de louro
- Azeite


Modo de preparação:


Tenha em consideração que as lentilhas não necessitam de ficar de molho, previamente à sua cozedura.
Previamente lavadas, elas cozem bem ao serem colocadas num tacho com água a ferver, durante cerca de 25 a 30 minutos.
Não coloque sal na água de cozedura das lentilhas. 
Para que as lentilhas possam ficar aromatizadas, misture o que entender. Estas levaram 2 folhas de louro, 1 dente de alho esmurrado e cenouras cortadas (sugere-se que não retire a casca das cenouras).
Escorra e reserve.

No mesmo tacho (passando-o apenas por água, para retirar eventuais restos de espuma) deite o azeite e a cebola picada. 
Adicione o chouriço, cortado à sua maneira, a polpa de tomate, a couve grosseiramente cortada (ou rasgada, consoante a sua necessidade de aliviar tensões!) e o sobrante dente de alho (picado).
Deixe a envolvência dos ingredientes acontecer, ajudando com umas carinhosas mexidas.

Depois de cozinhado, ponha o lume no mínimo e adicione o preparado das lentilhas.
Mexa, ternamente, de forma a que todos os elementos se conjuguem.
Apague o lume. 
Tendo em consideração que os enchidos já são temperados com sal, apure-se ao adicionar o sal e a pimenta moída na hora, ajustando temperos.

Sirva e felicite-se, acompanhando com uma colorida salada de alface e tomate, temperada como só você sabe ... !!!

As doses dos ingredientes serão por si ajustadas, consoante o número dos comensais e o respetivo apetite.
As lentilhas enobrecem pela sua fartura em fibras, vitaminas e minerais ... (também são proteicas!). 

Impressione, ... , é o seu mais recente sucesso!

Fonte das imagens: Janielson Martins 






terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - JORGE SÁ, UMA RETROSPETIVA

Grafite sobre papel, 1991, 40 X 30 cm
Jorge Sá
Natural de Santarém (Portugal)
Arquiteto


Referenciado em diversos locais do mundo, é portador-merecedor de vários prémios, menções honrosas e distinções que o caracterizam como um marco da imagem, tanto cinematográfica, como na pintura, na arquitetura e nas artes visuais no seu genérico.

Tendo tido o honroso prazer de conhecer alguns dos seus trabalhos de pintura, não poderia alhear-me de compartilhar o que de belo existe e o que de mais-valia está na essência do Homem - o ético belo!

Esta matéria centra-se no débito de uma parte do espólio de pintura (de um colecionador particular), do completo artista Jorge Sá, com que me familiarizei na minha última estadia na Europa.

Estes quadros, entre outros, foram expostos para um específico evento, em Braga (Portugal), que, majestosamente, permitiram a admiração de alguns trabalhos do artista, relativos ao período de 1991 a 2008.


Óleo sobre tela e infogravura, 1993, 40 X 30 cm




Tinta permanente sobre papel, 1993, 30 X 20 cm

 Óleo sobre tela, desenho e infogravura, 1994, 70 X 50 cm

Óleo sobre tela, desenho e infogravura, 1994, 60 X 50 cm



Lápis e pastel sobre papel, 1995,  29 X 21 cm



                          Lápis sobre papel, 1998, 25 X 20 cm                           
Acrílico sobre tela, 2003, 24 X 18 cm
Acrílico sobre tela,  2008, 40 X 30 cm


Acrílico sobre papel, 2008, 10 X 10 cm



Um investimento cultural que jamais se afastará.

Viajará comigo para o Brasil, onde será divulgada como uma coleção representativa do trabalho do artista que, seguramente deverá ser representado no nosso Brasilis.



Jorge Sá, arquiteto, cineasta, pintor, docente universitário, ..., congratulações nobres e devidas, ...! Deve ser partilhado ! Deve ser público !

A constância do equilíbrio manifesta-se no alongamento da verticalidade do traço, ... , 
... numa personalidade de elite !

Olhe! Deslumbre-se! Acompanhe com um vinho tinto português... !!! ...
... e converse sobre o assunto !

                                                                                                                                                              



Fonte das imagens: Janielson Martins