Braga, Portugal - Janeiro de 2016
Um chá em casa de amigos ,..., muito familiares!
O privilégio de conhecer um livro, ainda no prelo, escrito por um português presente.
A natural descontração do ambiente, da conversa e da companhia, adicionado à veracidade do texto, incondicionalmente traduziram-se num notável e surpreendente final de tarde. Uma tertúlia.
A maledicência é uma arte peculiar, comportando em si tanto a eventual culpa de um produto da inveja e do propósito difamatório, como a nobreza da denúncia de manipulações e de logrosas estratégias sub-reptícias.
Este texto, na sua qualidade de prefácio de um livro em prelo, assume-se, categoricamente, na segunda possibilidade da maledicência, enquanto poderosa arma que é a escrita, impedindo a prolífera invasão e/ou manutenção de desprezíveis aproveitamentos, parasitismos e subjetividades caprichosas transformadas em bens sociais.
Texto denunciador ... é verdade!
Texto revelador ... é verdade!
Texto libertador ... é verdade!
Texto educativo ... é verdade!
Narrativa poética ... é verdade!
Narrativa anti-corrupção ... é verdade!
Narrativa merecedora de destaque ... indubitavelmente verdade!
O incontornável prazer de me ter sido, expressamente, autorizado a divulgar este texto prefácio, vinca as diferenças de quem se movimenta no exercício da livre igualdade, em oposição a quem se movimenta acorrentado às amarras da mansidão e odediência cegas.
Vinca também o motivo de, enquanto cidadão brasileiro, me integrar fortemente nuns sistemas sociais que, infelizmente, tão bem se encaixam nas nobres e denunciadoras mensagens que neste texto habitam.
Maleitas, impune e lamentavelmente, também muito enraizadas no Brasil ...
Pragas, corrosivas realidades, invasões ... que todos devemos contrariar, denunciar e lutar, com as mais nobres armas, em prol da decência e da justiça - a divulgação! Jamais o silêncio!
O protagonismo é tido por detrás do palco ...
O protagonismo está muito muito para além da decoração do corpo ...
O protagonismo está na magia do gregário, manifesto em igualdade e liberdade ...
O protagonismo nunca é uma vivência nominal!
"PREFÁCIO
Texto
que se ergue contra as novas e actuais versões torturadoras da santa fogueira,
numa época em que as noções de direito e de justiça estão letalmente feridas
pela institucionalização de valores intencionados no seio da doença do
amiguismo e do abusivo poder desleal.
Era
de princípios invertidos e adulterados pela soberba e desmedida ambição em que
se confunde, com ou sem intenção, a vida com a glorificação do sofrimento e da
dolorosa e humilhante pobreza, para uns e, para outros, a glorificação do obscuro
e desmedido despesismo, do caseirismo, da incompetência, da farsa, tudo na
perfeita isenção de culpas e de responsabilidades.
Mostra-se,
o texto, nas intenções, que nenhuma construção se suporta quando iniciada pelos
adornos. O material de construção dos indivíduos é o afecto continente, é o
vínculo da segurança, é a disponibilidade na relação. Os materiais de
construção não são os enfeites e os berloques, que apenas servem para preencher
o que está vazio. Quando se cresce na saúde relacional, não se cresce vazio nem
no vazio.
A
cegueira é um colosso, no que concerne à forma como se cresce em humano. Uma
mera organização de pessoas a viverem debaixo do mesmo tecto e em cumprimento
com uma pré-estabelecida matriz de valorizações, no registo hierárquico, não é
uma família. A protecção destes sistemas familiares tem sido a origem da doença
psicológica, nas suas diversas expressões e da sua expansão epidémica. São
vidas maquilhadas de rancores arcaicos, com origens na família.
Estão
invalidados os postulados que regem que o indivíduo sobrevive em si. Sem
relação não há relatividade e sem relatividade não há consciência de si, não há
identificação e não há gente. Resta o oco, esperando ser preenchido pelo
disfarce.
Desfavorecido
no enredo, o texto, quase romance ensaístico ou quase ensaio romanceado,
sobressai pela posição privilegiada do narrador, enquanto observador e
construtor, arquitectando personagens, formas e contextos num palco, mobilizados
e iluminados pela focagem do crítico farol apontador, incidindo, quase
individualmente, no visível e farto material psicológico merecedor de
caracterização e exposição. Sobressai o holofote da observação
psicossociológica, em convicto detrimento de preocupações das articulações
figurativas.
É
um texto ficcionado, repreensivo e irrepreensivo, materializado através de
quotidianos e valores dominantes, invasores e parasitas do bem colectivo e do
bem individual.
Tem, nas características repreensivas,
a personagem Olívia e inerências figurativas e ambientais, como figura adoptada
para ser denunciada, contrariada e condenada. Olívia tresanda a imoralidade e a
toxicidade.
Tem, nas características irrepreensíveis,
as personagens Pedro e Sophie e, igualmente, as inerências figurativas e
ambientais, como figuras de asserção, de valorização e, como tal, de exemplar promoção.
Na raiz, é um texto que promove e
despromove, consoante o cumprimento de critérios obedientes e desobedientes, a
satisfação e maturação dos sistemas sociais próximos e alargados, a satisfação
da honra, do trabalho, da seriedade e do altruísmo colectivos e individuais,
pela materialização de especificidades familiares, profissionais e sociais.
Pela ficção, generaliza e intenta
consciencializar, esclarecer e denunciar a doença social e a doença familiar, o
seu impacto nos grupos e sujeitos, e a limitação que impõe.
Regra-se pela procura de virtuosas alternativas
construtivas e maturadoras do desenvolvimento do carácter que se deseja humano,
sendo que o verdadeiro poder está na sincera origem do altruísmo. É-se através
do outro.
Regra-se
pela denúncia das usuais e falhadas práticas relacionais impensadas, como
exemplares códigos pré-estabelecidos de conduta, suportados por acríticos e
institucionalizados genes sociais e familiares.
Abstrai-se
e generaliza-se através da conceptualização dos personagens e dos meios
ambientais, com o cariz de exemplaridade que induz.
Intenta-se
no contexto das odes à criação e actualização de representações mentais, para a
construção de um todo e de um si integrado.
Alerta
os perigos da passividade e da mansidão, pela denúncia da distorcida e
propositada conveniência dirigida aos intuitos individuais, em detrimento da
justa e de direito conveniência, centralizada em intentos e benefícios
comunitários, gregários e ambientais.
Comemora
a nobreza da felicidade substituindo-a pelo flácido e falso entusiasmo
momentâneo de uma alegria intoxicada ou de um louvor imerecido.
Alude
ao trabalho, sobretudo ao trabalho psicológico do crescimento e da cívica
evolução, derrubando os alicerces do defeito, transmitido com a roupagem do
altruísmo, da equidade e das boas intenções; derrubando igualmente o que está na
convicta certeza do disparate e da instituída falcatrua da errática trajectória
existencial e do chico-espertismo.
A
origem da corrupção não está, garantidamente, na segurança do amor que dá o
prazer do crescimento, sem fixações e sem regressões. A origem da vocação para
a corrupção, está na mágoa das arcaicas feridas psicológicas sem restauro. Está
no abandónico e sangrento percurso histórico-psicológico, confirmado pela
denegação e pela mentira.
Não
há tempo para se perder com a falsidade da diplomacia discursiva. Não houve
nenhuma preocupação de conceptualização diplomática, ou outra, no acto de
explorar, de lograr e de roubar.
Não há tempo para se perder, pagando pelos
astronómicos devaneios efectuados e canalizados aos interesses individuais das
camadas favorecidas da população.
Não
há tempo a perder porque cada dia que passa é maior a distância do
jardim-de-infância e maior a proximidade do lar de terceira idade. A vida tem
que ser vivida na dignidade e não na mendicidade.
O
texto utiliza a infecção nacional, ou a portugalite, para denunciar as doenças
da estrutura e do aspecto psicossociológicos.
O
texto revê-se num apelo à implícita justiça da existência, que não poderá
permitir que sejam crucificadas as pessoas alheias aos erros que se cometeram e
aos ilícitos enriquecimentos de outros. Revê-se, pela via do desenvolvimento
centrado na lealdade e na confiança.
Investe
na substituição do marasmo, da estagnação, da pasma mansidão com que se permite
a prevalência da mentira, pela sã mobilidade psicológica em iluminar a cegueira
institucional, social e familiar que se tem mantido abafada pela própria
mortalha.
O
texto, movendo-se na experiência do imundo chafurdo, move-se também na
experiência da beleza.
Identifica
e condena mas também arrasta em si, o poder da liberdade para se experimentar
os dourados raios da bela aura da completa existência." (Paulo Passos)
Incontornável e esculturalmente realista ... dedicado a todos.
Identificativamente grato ... !!!
Fonte das imagens: Janielson Martins