quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O BAILADO EM UM QUARTO


O BAILADO EM UM QUARTO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Vai devagar, caralho

Está doendo

Fode caralho, bata mais.


O que foi? O que está acontecendo?


Tereza olhou para Izaque, com um olhar de decepcão.

Izaque faz birra e vira-se para o outro lado, sem se vir.


Ai meu Deus eles estavam fodendo, quem os mandou fazerem barulho? Eu jurava que eles estavam brigando.


Izaque, está na hora de ir trabalhar!

Já sei.

Eu estou indo, que vou sacar o dinheiro para pagar a renda do quarto.

Um dia, Izaque, vamos ter a nossa casa.

Um dia eu ver morrer Tereza, sem ter a dignidade de ter vivido. 

Somos imigrantes mofando dentro de um quarto, sem poder peidar, cagar, foder, acreditando (no engano) que amanhã vai ser melhor.

Temos que ter paciência, que tudo vai dar certo, Izaque.

Paciência é um perigo. Fodemos em silêncio. O tesão é mais ódio e desamparo do que prazer. Prazer é comer e ficar satisfeito.


O meu juízo produz estrelinhas que já não são pensamentos.

O que é isso Izaque?

É o suicido do pré-pensamento, Tereza.

O meu sonho é ter a minha casa e um trabalho que digne a igualdade, Izaque!


Os animais são separados quando aprendem a comer. 

Os humanos não tem coragem de largar a cria. 

Tornamo-nos adultos cheios de mofo atrás de um sonho falso e fedendo a um suor alheio, que também é o nosso, onde a fome se habita corroendo a humanidade.

As palavras tornaram ordem mas o sentimento é o alheio.


Penso pelos meus ossos, pelos dentes que já perdi, pela fome que já senti, pelas desigualdades.

Quando falaste em morte, as estrelinhas explodiram com medo, dentro do meu juízo, Izaque.

As estrelinhas são sabidas. 

As pessoas trocaram sentimentos por palavras ausentes.

Fizeram-nos movimentar e ver.

Os homens desaprenderam de pensar. 

E foram todos copiados.








Edição: Paulo Passos

domingo, 27 de dezembro de 2020

ROBALO ASSADO NO FORNO

 

Ingredientes:

- 1 robalo 

- Batatas

- Couve

- Cebola

- Louro

- Vinho branco

- Azeite

- Sal

- Pimenta branca

Modo de preparação:

Depois de amanhado, deite o peixe numa camada de cebola e 

tempere com sal, louro, pimenta e verta um fio de azeite.

Escalde as batatas durante uns 3 minutos e coloque-as em volta do peixe. 

Leve ao forno até que o dourado se comece a instalar.

Acompanhe com couves cozidas em água e sal, regadas

com o molho da assadura do peixe.

Pois...!


Edição: Janiel Martins


domingo, 20 de dezembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - NOIVA DO SOL




NOIVA DO SOL
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Presente, por ondes andas?
No passado.
O que procuras?
O futuro
O que achaste?
O passado.
O que é o passado?
É o presente, agorinha.
O que é o presente?
É uma concentração de pesamentos, de vidas passadas que procuram os caminhos para a cidade encantada.
 
Dizem que a lua é o terreiro da almas.
É para lá que que os pensamentos vão quando o corpo adormecer na terra.
Iremo-nos sentir perdidos!
Não iremos mais perguntar: "de onde viemos?" nem "para onde iremos?".
O corpo já não terá influências terrenas. 
Seremos corpos do universo.
Iremos aprender o caminho para a cidade encantada.

As almas sabem que existe altura, fundura e lados.
As almas estão procurando a cidade encantada que fica nas profundezas do universo.
Corpo humano algum chegará a cidade encantada.
Só o pensamento, depois que o corpo descansar sob a terra, irá iniciar o seu percurso, rumo até lá.

E quem somos nós?
Somos pensamentos que vieram de outros mundos.
E como o pensamento nasceu?
Do tempo.
O tempo era escuro e frio.
De tanto frio congelou.
De tão pesado explodiu dando origem ao fogo.
Do fogo nasceram as cinzas, depois as rochas e é claro a água.
Depois as coisas começaram a ganhar sentimentos.

Já se imaginou uma planta que não sinta e pense?
Ela não cresceria e as flores não nasceriam.
São tão delicadas.
Quem escolheu serem tão bonitas?
Elas se arrumaram para se mostrarem ao sol.
As flores, todos os dias, se perguntam: "porque o sol não me vem pegar?"
Pena que o sol não tem pernas.
Tem os raios.

Já o homem é amargo.
Deve ter vindo de muito longe, do sítio perdido.
Sem paciência para namorar o sol e as estrelas.
Sem saber sentir o tesão de se assustar com a noite ou de calcular a distância (do ôco) da cabeça ao sol.

Inveja da lua e uma raiva silenciada pela sua majestadade.
Será a vontade de para lá ir?
A lua foi amante dos que partiram da terra.
De lá desceremos rumo a cidade encantada: o Breu.















  Edição:  
Paulo Passos


domingo, 13 de dezembro de 2020

SOPA DE CHU-CHU, GRÃO E CHOURIÇO

Ingredientes:

- Chu-chu
- Cenoura
- Cebola
- Aipo
- Alho
- Louro
- Azeite
- Sal
- Pimenta
- Hortelã
- Cebolinho
- Couve
- Grão de bico
- Chouriço
- Pão
- Vinho tinto


Modo de preparação:

Numa panela refogue, em azeite, 2 cebolas médias, com o louro e uma pitada de sal.
Adicione água, o chouriço, o pé de hortelã, 2 chu-chus, 2 cenouras, 3 dentes de alho, 
um talo de aipo e os talos das folhas de couve.
Deixe cozer e misture um pouco de pimenta, moída na hora.
Retire o louro e o chouriço e faça um puré (use o liquidificador).


Corte as folhas de couve e verta no puré.
Deixe cozinhar mais um pouco, em lume brando.
Junte uma lata de grão cozido.
Desligue o fogo, misture o cebolinho picado e mexa suavemente.  


Deixe repousar e arrefecer o seu suficiente.
Acompanhe com o chouriço, pão caseiro e um copo de vinho tinto.

Edição: Janiel Martins










domingo, 6 de dezembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O ÚLTIMO ABRAÇO



O ÚLTIMO ABRAÇO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

(Sertão da Tapuia, 1998)

Vai tu.
Vou não, mãe tá brabo com eu.
Eu vou.
Mãe, deixa nós ir brincar debaixo do pé de imbu? 
Nós não vamos brincar no sol, não é minha mãe?

Sei, seu cabra de peia.
Podem ir mas fiquem na sombra.
E não trangam mais esse bocado de ossos para dentro de casa, não.
É os nosso boim de brincar, minha mãe!
Sei, mas eu não quero isso aqui dentro não, que ta cheio de bicho.

Vou fazer um curral e deixar eles lá dentro minha mãe, que é para eles não fugir.
E desde quando que eles têm perna?
É mesmo minha mãe!
Só tem a cabeça bem grandona e o corpo dem magrinho e grandão.

(O chão branco do sertão, com as rochas distantes, assim como as únicas plantas que sobrevivem na seca, nos leva a uma distância, sem cores.)

Meu irmão, olha só como o céu é bem azuzinho.
É mesmo, mas é muito longe o céu. 
O sol mora sozinho no céu?
Não, o sol tem uma namorada. Meu pai falou.
E quem é?
É a lua.

(O silêncio faz parte do Sertão, mas de repente pareceu que o céu estava desabando sobre ele.)

Minha mãe, o que foi aquilo?
Aquilo é avião, meu filho.
E o que é isso?
São coisas dos homens que tem muito estudos e fizeram aquilo voar igual a passarinho, só que faz muito barulho e medo.
Eu pensava que eles tinha vindo para carregar nós, minha mãe!
Está com medo meu filho?
Estou com muito medo.
Fique com medo não meu filho, que a mãe está aqui para proteger vocês. 
Podem brincar dentro de casa e vão pegar os boi.
Vou não, minha mãe.
Eu também não; tou com medo.
Então eu vou, meus meninos. 
Será que correram com medo dos avião, minha mãe?
Eu acho que foi mesmo.
Mas eles não tem perna. 
São só osso de brincar de boim.

Mas na hora do susto, a pessoa não pensa não, só quer é se proteger.
Vamos lá ver minha mãe.
Vamos!
Deixa eu pegar na tua mão.
E eu também.

(O vento veio e o grilo cantou lá longe.)

Os boi fugiram mesmo.
Será que foi os avião que carregaram os nosso boim de brincar?
Acho que eles fugiram com medo, meu filho.

Minha mãe, como que é o avião?
É um passarinho de ferro com duas asas.
Como será que é feito?
São os homem que tem muita inteligência que fizeram o avião voar.

Faz muita zuada. 
Eu pensava que o sol estava caíndo em cima de nóis, minha mãe.
Eu vou fazer um avião que faça muita zuada, não.
É mesmo meu filho?
Vou sim minha mãe, que eu pensei que ia morrer.


                                                                                                                                                         Edição: Paulo Passos

domingo, 29 de novembro de 2020

COZIDO DE ENCHIDOS


(receita de aproveitamentos, extremamente rápida e económica)

Ingredientes:

- Enchidos de diversas regiões
- Couves
- Cenouras
- Limão

Modo de preparação:

Aproveite couves (e demais legumes) de outra refeição.
Coza os enchidos.
Aqueça os legumes no caldo de cozinhas os enchidos.
Emprate e regue com sumo de limão.
Acompanhe com um bom pão (mesmo de dias anteriores).

Um copo de vinho e satisfação... na poupança...!

Edição: Janiel Martins









domingo, 22 de novembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O BARCO QUE ME PUXA


O BARCO QUE ME PUXA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Era a inocência, o encanto.

Ser adulto é o magnético que suga para a terra.

E os ossos que já estão tão podres, quanto os poucos dentes.

O que resta é olhar para uma parede e pensar quantos olhos viram.

Nao tenho coragem de me despedir da parede, do castelo que tantos olhos viram.

Solidão... é o que dói.



Edição: Paulo Passos



domingo, 15 de novembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - VIDA


VIDA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


É uma foda alheia

Do sentimento consolo

A inveja é um sentimento do alheio.

A tristeza é saber que o corpo é uma estrutura tão frágil como uma flor.

As flores se vestiram para olhar o mundo.

Com a sua melhor roupa.

Os olhos da flor estão onde, doido?

No pensamento.

A nossa visão não passa de um belo batido que o tempo fez.

Que tristeza saber que um dia a matemática do tempo se distanciará do corpo e da flor.

Sairei feito um raio.

Olha que quando cai um raio nasce um pedra.

Eu vou virar um pedra.

Sim uma pedra.

Tão pesada quando o sentimento.




Edição: Paulo Passos

domingo, 8 de novembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - PENÚRIA



PENÚRIA
(Janiel Martins, RN/Brsail)

E como o pensamento nasceu?
Do tempo.

O tempo era escuro e frio.

De tanto frio congelou.
De tão pesado explodiu dando origem ao fogo.
Do fogo nasceram as cinzas, depois as rochas e é claro a água derreteu.

As coisas começaram a ganhar sentimentos.
 A seguir, a pensar sobre eles, para fazer gente e, depois, quem sabe até (?) modernizar.

Às vezes o pensamento adoece. 
Fica delírio.

E o homem delira.
Fica amarrado na sua gruta.
Só lhe obedece.
 E intoxica o que pisa.

Está a penúria.



domingo, 1 de novembro de 2020

OVOS MEXIDOS COM COUVE E CHOURIÇO


Ingredientes:

- Ovos (6)

- Couves

- Chouriço

- Salsa

- Alho

- Louro

- Azeite

- Pimenta

- Sal

Modo de preparação:

Esta é mais uma receita que se refere ao aproveitamento de sobras.

As couves cozidas, em sobra, de uma outra refeição, assim como a metade de chouriço, igualmente em sobra de outra receita, são os motivos da refeição que se apresenta.

Corte as couves e a metade de choriço aos pedaços.

Frite tudo em azeite, pimenta, alho picado e louro, não colocando sal, pois as couves já foram cozinhados e temperadas e o chouriço já tem o seu próprio sal.

Bata 6 ovos num recipiente com uma pitada de sal.

Misture às couves e ao chouriço e mexa, até que a consistência de ovos mexidos se apresente.

Salpique com salsa.

Acompanhe com um pão de véspera, hidratando-se com a fruta que lhe aprouver.

Um copo de vinho combina em excelência...! 

Combine...!

Janiel Martins

 

domingo, 25 de outubro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - PARTO DE PENSAMENTOS

PARTO DE PENSAMENTOS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Florivaldo:  

Como a terra vê a lua? 

Deve ver a lua bem grandona!

Chiquinho:    

Deixe de doidiça minino. 

A terra nao tem zous (olhos).

Zéfé:    

Tem sim. 

Tem o Pólo Norte e o Pólo Sul.

Chiquinho:    

Que diacho é isso?

Zéfé: 

São os lugares congelados da Terra que vêem o mundo. 

Não sei direito, mas os olhos da Terra, podem ser o mar e os lagos.

Chiquinho:    

Os reflexos na água, minino.

Florivaldo:    

É mesmo?

Chiquinho:    

E as duas geladeiras que tu disse que são os Pólos.

Zéfé:    

Mas, minino, tem mais.

Tu sabia que as plantas pensam e as frutas também. 

O abacate tem o caroço para se proteger e viver mais.

Florivaldo:    

E onde são os zous (os olhos) do abacate?

Zéfé:    

Ele só vê por sonho. 

Igual quando nós estamos dormindo. 

Aí não precisamos dos olhos para enxergar. 

Só precisamos do pensamento.

Florivaldo:    

É mesmo?

Chiquinho:    

Vixe Maria.

Zéfé:    

O pensamento só empurrou os olhos para fora.







domingo, 18 de outubro de 2020

DIÓSPIROS OU SABORES DO MONTE OLIMPO (LIBERADO POR ZEUS)



Dióspiros... só... ou com outros sabores do Monte ...


Ingredientes:

- Hortelã

- Canela

Dióspiros 

- Estrela de anis

- Folhas de hibísco (desidratadas)

Modo de preparação:

Prepare uma infusão com umas folhas de hibísco, meio pau de canela, uma estrela de anis. 

Deixe arrefecer e guarde no frigorífico, para ficar bem fresco.

No liquidificador junte e infusão (retirando os seus ingredientes) 

com as folhas de hortelã e com 2 dióspiros.


Deixe que o impulso o conduza... até onde...!

Janiel Martins




domingo, 11 de outubro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - CEM TIMENTOS




CEM TIMENTOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

dalva não é uma estrela
eu não sou um ser humano
sou um animal cheio de sentimentos
pedi para os meus amigos me esperarem na estrela dalva



Edição: Paulo Passos








domingo, 4 de outubro de 2020

TOSTA DE OVOS COM PIMENTOS PADRÓN


Ingredientes:

- Uma fatia de pão
- Um ovo
- Tomate desidratado (conservado em azeite)
- Pimentos padrón
- Óregãos
- Alho
- Sal
- Azeite
- Limão

Modo de preparação:

Numa frigideira verta um fio de azeite e toste o pão.
Esfregue-o, intensamente, com um dente de alho.
Salpique com óregãos.
Lave os pimentos e coloque-os na mesma frigideira, temperando-os com sal.
Pique um pouco de tomate desidratado e misture.
Ainda na mesma frigideira, mexa um ovo, deixando que este
absorva os fluídos dos anteriores ingredientes.
Regue com sumo de limão e reforce com mais um fio de azeite.


A lovely brunch or snack... as you want...!
With someone... and some wine...!


Edição: Janiel Martins

domingo, 27 de setembro de 2020

LAPAS DE MOLHO (PRIMO DO) AFONSO

Ingredientes:

- Lapas (com concha e algas)

- Alho (2 dentes)

- Cebola (1)

- Pimenta da Terra (qb)

- Tomate triturado (meia lata pequena)

- Colorau (1 colher chá))

-  Salsa (meio ramo)

- Pimento (1)

- Vinagre ou limão (2 colheres de sopa)

- Azeite (qb)

- Sal (qb)

- Malagueta (qb)

- Louro (2 folhas)

- Açúcar (1 colher café)

Modo de preparação:

Lave bem as lapas de modo a garantir que não ficam com areia.

Para um tacho com um fundo de azeite, pique a cebola e o alho. 

Deixe refogar levemente.

Misture o louro, o colorau, a pimenta da Terra, o pimento picado e o açúcar

(este contrabalança a acidez do tomate em lata).

Adicione o tomate triturado, o vinagre (ou limão) e a malagueta.

As lapas, com casca e com as algas a si agarradas, são misturadas no

preparado, envolvendo suavemente.

Pique os talos da salsa e misture.

Tape o tacho e deixe que cozam, verificando a necessidade de água.

Verifique temperos e acerte o sal, considerando que a 

pimenta da terra é bastante salgada.

Já com o lume apagado, verta salsa picada e envolva.

Pois certo é que se acompanha com um bom pão ensopado no molho,

 uma cerveja fresca e na companhia dos ...  de eleição.



Edição: Paulo Passos




domingo, 20 de setembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - IN FELIZ

IN FELIZ

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Baixei os olhos

Senti o peso do corpo


Sobre este corpo 

O cansaço cai 


A mente que se foda

Em buscar o caminho

Para as estrelas


As estrelas queimam

Solidão 

As estrelas são os olhos de Deus?

 

Tenho dois olhos.


  

                                                                                                                                                               Edição: Paulo Passos

domingo, 13 de setembro de 2020

BUTELO COM FABECAS (OU CASULAS)

Ingredientes:


- Butelo
- Fabecas
- Linguiça
- Nabiças
- Cenouras
- Batatas
- Cebola
- Alho
- Limão
- Sal
- Hortelã
- Louro
- Azeite
- Malagueta
- Sal


Modo de preparação:
 
O butelo é uma iguaria transmontana (Norte de Portugal), enformado como enchido,
com partes menos nobres (incluindo ossos menores e cartilagens) 
do resultado da matança do porco.


As fabecas mais não são do que vagens de feijão desidratadas, igualmente 
tradicional da região transmontana.

De um dia para o outro demolham-se as fabecas.
Descarta-se a água da demolha e colocam-se numa panela com água, sal,
louro, hortelã, cebola, malagueta e um limão inteiro, furado com um garfo.


Adiciona-se o butelo inteiro, de modo a que as fabecas fiquem com o
sabor que o butelo vai dando à cozedura.
Na panela de pressão demora, aproximadamente, 30 minutos, contados
a partir do momento em que a pressão começa a aliviar.

Numa outra panela, coza os legumes (nabiças, cenoura e batatas) 
com a linguiça (designação transmontana para o chouriço).
Escorra e salpique com alho picado e um fio de azeite.

Inevitavelmente... um copo de vinho tinto...!


Contraste com umas sumarentas ameixas.


Janiel Martins





domingo, 6 de setembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O FIGURADO DE BARCELOS... UM OLHAR ESPECIAL

Qualificadas produções integradoras,

 fruto das articulações e partilhas entre a 

Câmara Municipal de Barcelos 

e a 

Associação de Pais e Amigos de Crianças (APAC) - Barcelos.

Congratulações aos protagonistas...

Vistas e sentidas representações culturais em modo artesanato, 

riqueza nacional indubitável,

de uma região artística em que Barcelos é capital.

"Nas flores de um terraço senti a festa de uma cidade. As pessoas trouxeram galinhas, coelhos, galos capões e vacas tresmalhadas, mataram as saudades e soltaram gargalhadas. É dia de feira e a alegria foi a primeira a comprar ovos e verduras. Aqui as pessoas são puras. Conta a lenda que o galo cantou, que se fez justiça. Eu diria que jamais se calou. Até hoje. Porque aqui ninguém compra nabo e leva nabiça. Que continue assim, que está bom para mim. Agora, peço desculpa,mas vou só ali comprar laranjinhas, as doces, claro está, que o meu coração está esfaimado de ternura." 

(Pedro Seromenho)


Manifestos antropológicos de elevado (e estimável) valor cultural e afectivo.

"Embrenhado nas almas quentes de um Junho que se colora. Colora-se de Sol, das cores e com o gáudio dos que o anseiam. SÃO JOÃO. Versão de Santo venerado. São João criado e figurado, nos meandros da livre imaginação. Criação. Concretização da matéria irreal, povoadora da colectividade das mentes. Cordeiro de protecção. Símbolo aconchegante, símbolo de amparo. Ganhar figuração é ganhar identidade. Visão de esperanças, de anseios e de crenças. SÃO JOÃO. Santo festeiro e baptismal, Santo padroeiro e popular. Um Santo companheiro. Sendo três, numa trindade de cumplicidades. São três... são três os Santos do Povo. Os Santos de Junho, os Santos de ovação. O António, o Pedro... e o João." 

DESTE SÃO JOÃO (Paulo Passos)

Os trabalhos são produções dos utentes do CAO (Centro de Atividades Ocupacionais -APAC) e os respetivos textos que os ilustram são de diversos colaboradores convidados para o efeito, podendo, o catálogo, ser adquirido na APAC, em Barcelos.

As criações podem ser visitados no catálogo que perpetua a completuda da exposição e o lançamento do livro (Feira do Livro de Barcelos / Portugal de 2018).

Bem haja Barcelos.

Bem haja aos artistas.

Bem haja gente de Barcelos.

(Releva-se que a totalidade das peças integrantes do catálogo não estão aqui reproduzidas, por motivos de natureza organizativa. Se a globalidade dos trabalhos fosse aqui mostrada, daria a esta matéria uma extensão incomum a um artigo de blogue. Ficam, indubitavelmente, as congratulações e felicitações a todos os artistas participantes, por igual.)


  (Fonte das imagens: catálogo da exposição)

Edição: Paulo Correia